Há 12 anos no poder, prefeito de NY diz que cidade pode se tornar nova Detroit

Michael Bloomberg afirmou que próximo prefeito precisará adotar 'políticas de cortes impopulares' para equilibrar contas

São Paulo – O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, afirmou que a maior cidade dos Estados Unidos poderá enfrentar o mesmo destino de Detroit – que pediu concordata no mês passado –, se o próximo prefeito não adotar políticas de cortes impopulares. Segundo Bloomberg, a cidade “não deve relaxar diante da atual boa situação fiscal”.

Sete democratas, três republicanos e pelo menos dois candidatos independentes estão competindo para a sucessão de Bloomberg, que deixa o cargo em 31 de dezembro. Após três reeleições, ele está impossibilitado pela legislação eleitoral de NY de se candidatar novamente.

O prefeito, em seu discurso, disse que um círculo vicioso pode ser criado se os custos municipais com saúde e previdência ultrapassarem a capacidade da cidade de manter a qualidade de vida dos nova-iorquinos. O resultado, segundo ele, seria o declínio da população, seguido pelo deslocamento econômico e as questões que levaram Detroit à insolvência – e quase fizeram o mesmo para Nova York na década de 1970.

“A miopia, a corrupção, a má gestão e talvez o mais perigoso de todos, a política de interesses especiais pode levar a uma reprise de problemas nova-iorquinos de décadas atrás”, falou Bloomberg. Segundo ele, somente no ano fiscal de 2009, foram gastos com pensões 6,3 bilhões de dólares, enquanto em 2002 esse total foi de 1,4 bilhão.

Bloomberg, uma das 20 pessoas mais ricas do mundo, segundo a revista Forbes, citou exemplo de Chicago, no Estado de Illinois, que demitiu cerca de 2 mil professores e funcionários de escolas no mês passado com a justificativa de diminuir os gastos e pelo fato de as instituições supostamente estarem abaixo do nível de qualidade norte-americano. No entanto, representantes locais destacaram que a política era racista e excludente, pois as escolas fechadas estavam em bairros negros e pobres.  

Em 2008, Bloomberg se esforçou em uma campanha para passar uma emenda à legislação eleitoral de Nova York que permitiria um terceiro mandato ao já independente candidato, alegando que um político como ele era necessário para ao mesmo tempo administrar a cidade e lidar com a crise econômica. Após aprovada a emenda, Bloomberg se elegeu para o terceiro mandato em 2009.