Grécia conclui renegociação da dívida, mas não está salva

O acordo imposto por União Europeia e FMI eliminou a soberania grega sobre o manejo das contas públicas (Foto: © Yannis Behrakis. Reuters) São Paulo – A conclusão da negociação […]

O acordo imposto por União Europeia e FMI eliminou a soberania grega sobre o manejo das contas públicas (Foto: © Yannis Behrakis. Reuters)

São Paulo – A conclusão da negociação para abater parte da dívida grega traz um alívio temporário ao país e à União Europeia, mas não lhes deixa a salvo de novos problemas em breve. Ontem (9), último dia do prazo para a renegociação, o governo grego informou que conseguiu convencer a maior parte de seus credores a aceitar o pagamento de apenas metade dos débitos, o que afasta o risco imediato de uma quebra calculada em 1 trilhão de euros, o que acabaria por colocar em risco a zona do euro.

O alívio de uma carga de 100 bilhões de euros é suficiente para que a Grécia possa acessar o pacote de ajuda concedido pela “troica”, ou seja, a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central europeu. O auxílio prevê que a troica seja a responsável pela liberação paulatina dos 130 bilhões de euros, sempre condicionada ao cumprimento da exigência de quitação da dívida antes da execução de serviços sociais e do pagamento de salários e aposentadorias. 

Antes, o governo já havia aceitado cortar fortemente os direitos dos cidadãos aos serviços de educação, de saúde e de previdência, maneiras de acessar auxílios externos que somam, até agora, 300 bilhões de euros. Ao mesmo tempo, o país se compromete a ter um longo período de recessão, que pode durar até o fim desta década. É o plano feito por FMI e União Europeia para que, sem crescimento, mas com corte de gastos, o país possa superar a dívida, equivalente a 160% do Produto Interno Bruto (PIB) – até o fim da década, o patamar recuaria a 120% do PIB –, em caminho que desagrada ao governo brasileiro, que argumenta que o caminho para superar o quadro atual passa pelo crescimento econômico e pela manutenção da agenda social.

Imediatamente após o anúncio, os representantes do mercado financeiro demonstraram que a renegociação não foi recebida como sinal da salvação definitiva da Grécia. A agência de classificação de risco Fitch rebaixou o nível da Grécia de C para RD (calote restrito, na sigla em inglês), o que significa, em linhas gerais, que há menos confiança de que o país possa honrar seus compromissos. 

 “Claramente o acordo deu tempo à Grécia, mas tenho de dizer que ainda continuo cético de que isso dá um período significativo de tempo, uma vez que a histórica paralela de austeridade atrás de austeridade quando não há crescimento pode simplesmente deixar a situação pior”, disse o presidente da mesa de renda fixa da London and Capital, Sanjay Joshi, que gerencia 1 bilhão de dólares em ativos.

Com informações da Reuters.