Governo cubano recebeu com ‘dor lacerante’ morte de Hugo Chávez

Havana publica declaração em que promete guardar eterna lealdade ao presidente que estreitou como nenhum outro os laços com a ilha

Chávez e Fidel, durante Cúpula dos Povos, em 2006. Países aliados por vínculos econômicos e de amizade (©Alan Marques/Folhapress)

São Paulo – Com “dor lacerante”, o governo de Cuba recebeu a notícia da morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ocorrida ontem (5) à tarde. Em declaração oficial divulgada pelo site Cuba Debate, Havana expressou “sinceras condolências” à família do líder bolivariano, sublinhando que Chávez é também filho de Cuba, da América Latina, do Caribe e de todo o mundo.

“Neste momento de profunda tristeza, compartilhamos os mais sinceros sentimentos de solidariedade com o povo irmão venezuelano, ao que acompanharemos em todas as circunstâncias”, escreveu o governo da ilha. “A revolução bolivariana terá nosso irrestrito apoio nestas difíceis jornadas.”

Cuba foi um aliado de primeira hora de Hugo Chávez e ocupou papel central na vida da Venezuela depois que o presidente descobriu um câncer na região da pélvis. Todo o tratamento para combater a doença do líder venezuelano – incluindo as sessões de quimioterapia e as quatro cirurgias a que se submeteu – foi realizado em Havana, sob os auspícios e proteção dos irmãos Fidel e Raúl Castro.

Foi também em Cuba que Chávez passou os últimos momentos de sua vida, envolvido numa aura de secretismo que nenhum meio de comunicação ou espião conseguiu violar. As últimas imagens do venezuelano em vida foram fotografias tiradas no hospital de Havana, nas quais o presidente aparece sorrindo junto a suas duas filhas e lendo o jornal cubano Granma.

“O presidente Chávez protagonizou uma extraordinária batalha ao longo de sua jovem e fecunda vida. Recordaremos sua memória sempre como um militar patriota ao serviço da Venezuela e da Pátria Grande, como comandante supremo que reencarnou Simón Bolívar para terminar o trabalho que ele começou”, continua a nota divulgada pelo governo de Cuba. “Sua heróica luta contra a morte é um insuperável exemplo de firmeza.”

Após a ascensão de Hugo Chávez, a Venezuela estreitou como nunca os laços diplomáticos, políticos, sociais e econômicos com o regime castrista. As periferias venezuelanas passaram a contar com o serviço de milhares de médicos cubanos enviados por Havana para atender os moradores mais pobres do país. Em troca, Caracas enviava petróleo à ilha.

Com a ajuda solidária de Chávez, os cubanos também puderam ter acesso à internet de banda larga, graças a um cabo submarino de fibra ótica ligando os dois países. Castro e Chávez também estiveram juntos na criação da Alternativa Bolivariana das Américas (Alba) e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), organizações fundadas para contrapor a hegemonia dos Estados Unidos na região.

“Cuba guardará eterna lealdade à memória e ao legado do comandante presidente Chávez e persistirá em seus ideias de unidade das forças revolucionárias, de integração e independência de Nossa América,” finaliza a nota. “Seu exemplo nos conduzirá nas próximas batalhas.”