Kerry tem reunião com Dilma e diz que EUA aguardam visita oficial da presidenta

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roberto stuckert filho/PR

Secretário de Estado, John Kerry, acertou detalhes da visita da presidenta em outubro

Brasília – Após encontro de cerca de uma hora com a presidenta Dilma Rousseff, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que a reunião foi muito boa e que o governo dos Estados Unidos está aguardando a ida da presidenta ao país. Dilma vai aos Estados Unidos em outubro. Na visita, Dilma terá honras de chefe de Estado aos Estados Unidos, homenagem concedida pelos americanos a poucas autoridades. Ela será recebida na Casa Branca com tapete vermelho e homenageada com um jantar de gala. O último brasileiro recebido dessa forma foi o então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, e o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Mauro Vieira, também participaram da reunião entre Dilma e Kerry, no Palácio do Planalto.

Antes, o secretário de Estado se reuniu com Patriota, no Ministério das Relações Exteriores, onde conversaram sobre o esquema de espionagem feito por agências dos EUA, que atingiu o Brasil e outros países latino-americanos; a facilitação da entrada de brasileiros em território norte-americano e a ampliação de acordos e parcerias estratégicas entre os dois países.

Mais cedo, Kerry conheceu estudantes do Programa Ciência sem Fronteiras que vão estudar nos Estados Unidos e se encontrou com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e com o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães.

 

Patriota reiterou que é necessário conceder ao Brasil os benefícios previstos nas relações nas quais há parceria estratégica e manifestou preocupação com o esquema de espionagem a dados de cidadãos e autoridades brasileiras.

Kerry, por sua vez, tentou minimizar os impactos das denúncias sobre o monitoramento e elogiou o papel do Brasil no cenário internacional e os esforços na adoção de políticas de desenvolvimento sustentável.

“Os Estados Unidos reconhecem o papel de liderança do Brasil no cenário internacional, atuando em operações de paz e de estabilização. O Brasil forneceu mais de 1.400 pessoas fardadas para as ações de paz no Haiti”, resumiu Kerry, em entrevista coletiva concedida ao lado de Patriota, no Palácio Itamaraty.

Ao se referir à parceria estratégica entre os dois países, Kerry disse esperar que sejam firmados acordos além do interesse comercial, como o que trata do acesso à tecnologia de ponta. Na reunião, mencionou-se o fato de estar em curso uma negociação com a França relativa à transferência de tecnologia para a construção de um submarino nuclear no Brasil.

Antonio Patriota ressaltou, durante o encontro, o esforço brasileiro para superar o déficit na balança comercial com os Estados Unidos. Kerry, no entanto, demonstrou preocupação com o fato de a China ser a primeira parceira comercial do Brasil, seguida pelos Estados Unidos. Nos últimos cinco anos, o fluxo de comércio entre Estados Unidos e Brasil aumentou 11,3%, passando de US$ 53,1 bilhões para US$ 59,1 bilhões. Em 2012, os Estados Unidos foram o maior investidor estrangeiro no Brasil.

O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, citou, durante o encontro, a habilidade e a capacidade das empresas brasileiras, principalmente no setor de agronegócios, para desenvolver parcerias com as norte-americanas, sem provocar disputas. Temas como este deverão constar da agenda durante a visita de Dilma a Washington, em 23 de outubro.