EUA

Empresário aumenta preço de remédio para tratamento de HIV/aids em 5.400%

Medida causou revolta na comunidade médica; empresa que aumentou valor alega que irá converter o lucro em pesquisas para desenvolver novos remédios

Reprodução/Twitter

Martin Shkreli é fundador e diretor da Turing Pharmaceuticals

São Paulo – Nos Estados Unidos, um empresário decidiu domingo (20) aumentar em 5.455,5% o preço do remédio Daraprim, usado para o tratamento de HIV/aids, além de algumas doenças infecciosas e malária.

Em agosto, os direitos do remédio foram comprados pela empresa Turing Pharmaceuticals, dirigida por Martin Shkreli, ex-operador de ações de alto risco. Ele elevou o valor do tablete de Daraprim de US$ 13,50 (o equivalente a R$ 54) para US$ 750 (R$ 3.000).

A Sociedade de Doenças Infecciosas da América e a Associação de Medicina de HIV dos EUA enviaram uma carta conjunta para a firma, condenando o aumento brusco no preço do medicamento. Segundo os grupos, trata-se de uma medida “injustificável para a população de pacientes vulneráveis”.

Segundo o depoimento da doutora Judith Aberg, chefe de departamento de doenças infecciosas na Escola Icahn de Medicina, para The New York Times, o novo valor irá forçar hospitais a utilizarem terapias alternativas que podem não ser tão eficazes.

Em entrevista à emissora CNBC, Shkreli rebateu as críticas e argumentou que o Daraprim é raramente usado nos casos de HIV/aids e que, portanto, o impacto no sistema de saúde devido ao aumento do preço seria “minúsculo”. Além disso, ele  afirmou que os pacientes utilizam a droga durante menos de um ano. Entretanto, o medicamento faz parte do tratamento padrão para doenças infecciosas, como a toxoplasmose.

O diretor da farmacêutica ainda garante que a receita que a empresa arrecadar com o aumento do preço será revertida no desenvolvimento de remédios melhores e com menos efeitos colaterais. Contudo, estima-se que o lucro da Turing Pharmaceuticals será de centenas de milhões de dólares com o novo preço.

Alguns hospitais norte-americanos e o Medicaid, serviço de saúde para famílias de baixa renda do país, terão acesso ao medicamento de forma gratuita. No entanto, outros pacientes, incluindo aqueles com convênio, terão de pagar um valor próximo ao preço atualizado do produto.

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