Cessar-fogo

Depois de vetar três resoluções, EUA pedem na ONU trégua imediata dos ataques de Israel em Gaza

Proposta apresentada pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU estabelece o cessar-fogo a partir da liberação de reféns que estão sob poder do Hamas. Pedido acompanha mudança de tom sobre o conflito do principal aliado de Israel

© Unicef/Hassan Islyeh
© Unicef/Hassan Islyeh
"Esperamos sinceramente que os países apoiem isso. Penso que isso enviaria uma mensagem forte, um, sinal forte", afirmou o secretário de Estado dos EUA

São Paulo – Os Estados Unidos apresentaram projeto de resolução ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pedindo “cessar-fogo imediato” dos bombardeios de Israel na Faixa de Gaza, na Palestina. A trégua é condicionada à libertação dos reféns mantidos pelo Hamas desde o início do novo conflito, que já passa de cinco meses.

A possibilidade de os EUA apresentarem um pedido de interrupção do conflito no território palestino vem sendo especulada desde fevereiro. Mas foi confirmada somente nesta quinta-feira (21) pelo secretário estadunidense, Antony Blinken, durante viagem pela Arábia Saudita. A decisão marca ainda uma mudança de tom do país que, em três ocasiões anteriores, vetou propostas de cessar-fogo, incluindo uma do Brasil.

“Acabamos de apresentar uma resolução perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apela a um cessar-fogo imediato ligado à libertação de reféns. Claro, apoiamos Israel e o seu direito de se defender, de garantir que o 7 de Outubro nunca mais aconteça. Mas, ao mesmo tempo, é imperativo que nos concentremos nos civis que estão em perigo e que sofrem tão terrivelmente”, declarou Blinken. O secretário acrescentou ao canal de notícias estatal Al Hadath que as disparidades em torno do conflito estão diminuindo, o que torna o acordo possível.

Biden muda o tom

“Esperamos sinceramente que os países apoiem isso. Penso que isso enviaria uma mensagem forte, um, sinal forte”, destacou. Em paralelo, uma tentativa de trégua também vem sendo costurada pelo país com o Egito e o Catar, que negociam na Arábia Saudita. No final do mês passado, o secretário esteve no Brasil, onde se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O encontro marcou uma agenda bilateral relacionada à Cúpula do G20, que o Brasil sedia neste ano. Mas também tratou do conflito na Faixa de Gaza.

Na ocasião, de acordo com o Planalto, Blinken concordou com a necessidade de assegurar um Estado palestino viável e independente de Israel. Nas últimas semanas, o governo estadunidense também vem mudando o tom em relação à postura de Israel. O presidente Joe Biden tem demonstrado preocupação com o grande número de civis mortos no território palestino. No início de março, durante uma entrevista, Biden chegou a dizer que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, estava “prejudicando mais do que ajudando” Israel com a postura em Gaza.

Os EUA também são contrários à ameaça de uma ofensiva terrestre israelense em Rafah. Na localidade ao sul de Gaza, perto da fronteira com o Egito, estão abrigados mais de 1 milhão de refugiados palestinos. Na última terça (19), Netanyahu rejeitou, porém, um pedido de Biden para cancelar os planos de um ataque. O primeiro-ministro disse ter deixado claro para Biden que está determinado a concluir a eliminação do Hamas na região. Por outro lado, o governo vem afirmando que um ataque terrestre em Rafah seria um erro. A ameaça de Israel também preocupa outras nações.

A operação militar iniciada em 7 de outubro, após ataques do grupo Hamas que deixou em torno de 1.200 israelenses mortos, já matou cerca de 30 mil palestinos. A maior parte mulheres e crianças. Grande parte do território está em ruínas, com praticamente todos os hospitais destruídos e a população sem água e alimentos, segundo alertam organizações internacionais.

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