Confrontos deixam dezenas de mortos no Egito

Apoiadores e opositores do presidente deposto Mohamed Mursi se enfrentam nas ruas; feridos podem chegar a milhares

São Paulo – Pelo menos 21 pessoas morreram e 180 ficaram feridas em confrontos ocorridos nas últimas horas no Cairo envolvendo agentes da polícia e opositores islâmicos partidários do presidente deposto Mohamed Mursi, informou hoje (27) o Ministério da Saúde do país norte-africano. No entanto, lideranças entre os manifestantes afirmam que o número de mortos passa de 200 e os feridos chega a quatro mil.

O porta-voz do Ministério de Saúde do Egito, Khaled el-Khateeb, que citou os números, disse explicou que, por enquanto, as autoridades só contaram as vítimas que foram levadas aos centros dependentes, um fato que exclui as pessoas mortas que foram levadas ao hospital de campanha de Rabea al Adauiya. A diferença no número de mortos não pode ser conferida de imediato.

Os confrontos começaram após centenas de partidários de Mursi serem retirados de um local sitiado fora da mesquita Rabaah al Adawiyah, no leste do Cairo, na noite de ontem (26). Um grupo começou a armar barracas em uma avenida adjacente, onde planejava ficar por pelo menos três dias, disse Mahmoud Zaqzouq, um porta-voz da Irmandade Muçulmana.

Ao mesmo tempo, outro grupo de manifestantes marchou na direção de um viaduto nas proximidades, onde foi recebido por uma saraivada de bombas de gás lacrimogêneo da polícia. Os manifestantes responderam lançando rochas e pedras nas forças de segurança.

Outra fonte dos serviços de segurança relatou à Agência Efe que os confrontos começaram quando os partidários do deposto presidente tentaram bloquear a ponte 6 de Outubro, uma das principais da cidade. Os soldados de ordem advertiram os manifestantes, mas, na sequência, a situação já se encontrava fora de controle.

O porta-voz do Ministério do Interior, major-general Abdel Latif, disse que 14 policiais e 37 soldados ficaram feridos na violência. Segundo ele, dois policiais foram feridos na cabeça com tiros. Latif culpou a Irmandade Muçulmana, que comanda os protestos, pelos confrontos mortais no Cairo e negou que os oficiais tenham disparado balas verdadeiras. “A polícia não usou mais que gás lacrimogêneo”.

Já de acordo com os membros da Irmandade Muçulmana, citando fontes do hospital de campanha, a maioria dos mortos apresenta disparos de bala na cabeça, no pescoço e no peito. Eles afirmam que a polícia abriu fogo contra eles no começo da manhã, próximo ao monumento do soldado desconhecido, no caminho de Nasr, nas proximidades de Rabea al Adauiya.

Protestos

Ontem o Egito registrou grandes manifestações a favor e contra o golpe de estado que derrubou Mursi no último dia 3 de julho.

Na capital, os islamitas se concentraram em Rabea al Adauiya e na Praça do Nahda, em Giza, enquanto dezenas de milhares de pessoas se reuniram na Praça Tahrir e seus arredores para dar respaldo às forças armadas.

Os participantes do protesto da Praça Tahrir foram às ruas após uma chamada do chefe do Exército Abdel Fatah al Sisi, que ontem convocou os cidadãos para respaldar às forças armadas e a polícia em uma “provável luta contra a violência e o terrorismo”.