Eleições no Chile

Campanha de Boric denuncia falta de transporte público em Santiago durante eleição

De acordo com chefe da campanha de Boric, frota de ônibus na capital está reduzida no dia do 2º turno; órgão eleitoral chileno demonstrou preocupação

Ministerio de Transportes y Telecomunicaciones
Ministerio de Transportes y Telecomunicaciones
De acordo com chefe da campanha de Boric, frota de ônibus na capital está reduzida

Opera Mundi – O comando de campanha do candidato da esquerda à Presidência do Chile, Gabriel Boric, denunciou neste domingo (19) uma redução de pelo menos 50% na circulação de ônibus na cidade de Santiago, capital do país, e uma diminuição também muito importante do transporte público em outras cidades grandes como Valparaíso, Rancagua e Viña del Mar, entre outras, fato que prejudicaria a locomoção de eleitores no dia de hoje, quando o país realiza o 2º turno das eleições presidenciais. 

Algumas organizações sociais chegaram a fazer protestos nos estacionamentos de algumas empresas de ônibus que operam no sistema TranSantiago e gravaram vídeos mostrando como essas empresas estão mantendo um número grande de coletivos parados. Nas redes sociais, a hashtag mais utilizada no país nesta tarde é #SultenLasMicros (“liberem os ônibus”).

A chefe de campanha de Boric, Izkia Siches, e outras figuras da coalizão progressista Aprovo Dignidade estão divulgando diversas iniciativas para compartilhamento de veículos privados ou associações de táxis que estão oferecendo descontos especiais pelas eleições.

“Devido à operação do governo para limitar o transporte público a favor do seu candidato, fazemos um apelo a organizar táxis, lotações e compartilhamento de carros privados para transportar os eleitores. Sempre com máscaras e janelas abertas”, publicou Siches em sua conta de Twitter.

A ministra de Transportes e Telecomunicações do governo de Sebastián Piñera, Gloria Hutt, negou as acusações e afirmou que a circulação observada neste domingo corresponde à programação normal dos ônibus coletivos para um fim de semana. Além disso, ela lembrou que o Metrô de Santiago está funcionando gratuitamente e publicou um mapa em suas redes sociais da circulação dos ônibus.

Porém, a campanha de Boric questionou o mapa publicado pela ministra, dizendo que ele não corresponde ao que se vê nas ruas. Além disso, reclamam que a gratuidade do metrô só favorece aos eleitores dos setores mais ricos das grandes cidades, onde a votação costuma favorecer o candidato da extrema direita, José Antonio Kast, enquanto nos setores mais pobres, onde a votação favorece Gabriel Boric, a população precisa dos ônibus para chegar às zonas eleitorais.

Os representantes da coalizão de esquerda dizem que estão acumulando fotos e vídeos de longas filas nos pontos de ônibus. Também há vídeos de motoristas de ônibus admitindo que a circulação é menor do que a normal em um dia de domingo.

O órgão eleitoral do Chile afirmou que “o presidente do Serviço Eleitoral, Andrés Tagle, conversou com a Ministra Gloria Hutt e expressou sua preocupação com a frequência do transporte público, principalmente na Região Metropolitana”.

Outras grandes cidades do país vivem situação semelhante à da capital. Em Viña del Mar, a prefeita Macarena Ripamonti afirmou que sua administração precisou intervir para que as empresas de ônibus colocassem os coletivos em circulação. “Os ônibus estão saindo agora de Viña del Mar para que qualquer pessoa, independente da sua preferência política, possa exercer seu direito ao voto. Diante desta emergência e privação de direitos fundamentais, é imperativo atuar”, escreveu a prefeita em sua conta no Twitter.


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Quem também denunciou o fato foi Guilherme Boulos, porta-voz do MTST e ex-candidato à Presidência do Brasil pelo PSOL, que está em Santiago acompanhando a jornada eleitoral deste domingo. Pelo Twitter, Boulos destacou que as “empresas de ônibus […] cortaram hoje cerca de 50% da frota, dificultando o transporte de eleitores na capital chilena, onde Boric tem ampla vantagem sobre Kast”. O brasileiro ainda classificou o fato como um “absurdo” e disse que “é a extrema direita usando todos os meios sujos contra a democracia”.