Por um mundo mais justo

Brics discute ampliação do bloco em cúpula na África do Sul. Lula lamenta ausência de Putin

Discussão mais importante da reunião de 2023 será sobre a ampliação do bloco. Arábia Saudita, Irã, Egito e Cazaquistão são candidatos importantes a entrar e Argentina virou incógnita

Governo da África do Sul
Governo da África do Sul
Presidente brasileiro desembarcou em Joanesburgo acompanhado da esposa, Janja, e da presidente do Banco do Brics, Dilma Rousseff

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem agenda intensa nesta terça-feira, no âmbito da 15ª Cúpula do Brics, em Joanesburgo, África do Sul, onde chegou na manhã desta segunda-feira (21), no horário local. Amanhã, às 11h (6 horas da manhã em Brasília), participa de encontro com representantes do Congresso Nacional Africano (ANC) na capital do país, onde desembarcou acompanhado da esposa, Janja, e da presidente do Banco do Brics, Dilma Rousseff.

A discussão mais importante da cúpula de 2023 será sobre a ampliação do Brics, hoje formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Há candidatos importantes que querem entrar para o bloco. Esse Brics ampliado é informalmente chamado ‘Brics Plus’, ‘Brisc +’ ou ‘Brics expandido’.  

Aparentemente, Argentina, Arábia Saudita, Irã, Egito e Cazaquistão são os mais próximos de integrar o grupo e estão entre os que já manifestaram essa intenção, que já seriam 22 países. A Argentina virou uma incógnita, com a possibilidade de eleger o extremista Javier Milei para a presidência. Esse Brics expandido pode se consolidar como um bloco antiocidental. Fontes próximas do Itamaraty, porém, avaliam que esse caráter não interessaria ao Brasil, que prefere um bloco mais multipolar do que contra o Ocidente e os Estados Unidos.

O presidente russo, Vladimir Putin, não estará na cúpula em Joanesburgo. Ele corre o risco de ser preso, porque há um mandado de prisão internacional contra ele, do Tribunal Penal Internacional (TPI), em decorrência da guerra contra a Ucrânia. Putin participará dos diálogos de forma virtual e presencialmente será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

Lula e Putin

Em entrevista ao jornal sul-africano Sunday Times neste domingo (20), Lula lamentou a ausência do líder russo. “O ministro (Sergei) Lavrov é um diplomata muito importante e experiente, mas seria muito importante contar com a presença da Rússia com o seu presidente nessa reunião”, disse.

“Nós iremos discutir assuntos globais relevantes, como a paz e a luta contra a desigualdade, e eu gostaria muito de poder discuti-los pessoalmente com o presidente Putin”, acrescentou Lula. Sem o russo, participam Xi Jinping (China), Narendra Modi (Índia) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), além de Lula.

O presidente brasileiro afirmou que espera discussões e decisões que influenciem outros fóruns internacionais, como a Assembleia Geral da ONU, o G-20 e a COP28 nos Emirados Árabes Unidos. “E que possamos provar que outro mundo, um mundo mais justo e globalmente equilibrado, é possível”, disse.

A África do Sul ocupa a presidência rotativa do bloco no momento,  e nessa condição estendeu o convite a delegações de cerca de 60 países do Sul Global.

Fórum de empresários

O evento mais importante da tarde de terça (22) será o Fórum Empresarial do Brics, do qual participarão empresários brasileiros de inúmeros setores, como de máquinas e equipamentos, bancário, agropecuário e representantes da Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

No início da noite (início da tarde no Brasil) haverá uma reunião no Retiro dos Líderes do Brics e em seguida um “jantar de boas-vindas” aos chefes de governo dos países-membros, que será oferecido pelo Presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa.