golpe midiático

Para presidente do PT, ‘Veja’ fez ‘jornalismo de esgoto’

Editora Abril foi condenada pelo TSE por capa difamatória, mas deu pouco destaque ao direito de resposta. 'Jornal Nacional' escolheu repercutir a matéria ontem (25) para não haver tempo de recurso

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Rui Falcão: “Não vamos responder ódio com ódio. Vamos responder com tolerância”

São Paulo – O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou hoje (26) que a capa da revista Veja divulgada na última sexta-feira (24), com denúncias infundadas envolvendo a candidata Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso de corrupção na Petrobras, é um “esgoto de jornalismo”.

A Editora Abril, responsável pela publicação, foi condenada no início da noite de ontem (25) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por crime eleitoral, mas não publicou direito de resposta com o mesmo espaço de destaque que deu paras as denúncias. O Jornal Nacional escolheu repercutir a matéria na noite de ontem, de forma que um possível direito de resposta para o Partido dos Trabalhadores só seria possível após as eleições.

“Eles tentam fazer isso sempre. É uma operação articulada, casada, inclusive com o candidato (Aécio Neves, do PSDB). Mas acho que isso não vai surtir efeito na hora do voto. É um esgoto jornalístico e eu não vou comentar mais porque não merece”, afirmou Falcão, durante um café da manhã com lideranças petistas, em um hotel na região central da capital paulista. “Desde a eleição de 1989 temos o casamento de um candidato com os veículos de comunicação”, disse em referência à disputa entre Lula e Fernando Collor naquele ano.

A publicação da Editora Abril trouxe supostas denúncias do doleiro Alberto Youssef, que teria dito ao delegado que investiga irregularidades na Petrobras que Lula e Dilma sabiam de tudo. No entanto, o advogado Antonio Figueiredo Basto, que defende o doleiro, disse desconhecer o depoimento de seu cliente: “Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso. Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso”, afirmou. “Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo.”

Durante a noite de ontem, após a notícia que o doleiro foi internado em um hospital, boatos começaram a circular nas redes sociais afirmando que ele havia sido envenenado e estava morto. A Polícia Federal, no entanto, negou hoje, por meio de nota, o possível envenenamento e esclareceu que a internação ocorreu devido a uma queda de pressão arterial causada pelo uso de medicação para doença cardíaca. Ele retornará à prisão após seu restabelecimento.

“Há uma tentativa clara de alarmismo. De levar as pessoas inclusive a não votar nas regiões mais remotas. Apesar de toda campanha contrária nesses últimos dias, nós estamos com convicção de vitória”, disse Falcão. “É hora de não acreditar em boatos. A boataria é muito forte. Há uma mídia concentradora monopolizada que está fazendo o jogo de um partido político. É hora de fazer prevalecer nossas propostas. O país precisa continuar mudando. Nós não podemos admitir o retorno ao passado, o cancelamento de direitos, a volta das políticas de arrocho, de desemprego e de recessão.”

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou estar surpreso com os boatos. “Acho profundamente deplorável. São boatos para induzir os eleitores. Isso é inaceitável. A população inteira deve estar atenta a essas situações”, disse. “Aconteceram muitos fatos dessa natureza nessas últimas horas, o que é inaceitável.”

“Há setores da imprensa que têm dificuldade de conviver com a democracia, com a liberdade de expressão e com o direito de escolha do eleitor. É isso o que me preocupa”, lamentou o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. “Não tem terceiro turno. Acabou a eleição, quem ganhar ganhou, tem que ser reconhecido e tem que ter o apoio da sociedade.”

Rui Falcão também lamentou a agressividade das manifestações pró-Aécio, na qual partidários do candidato chegaram a levar um caixão para Dilma Rousseff e a comparar o PT com o vírus ebola, que já matou pelo menos de 4 mil pessoas na África. “Nós nunca vivemos uma fase de democracia tão ampla como no nosso governo. Não vamos responder ódio com ódio. Vamos responder com tolerância. Não vamos aceitar provocação, mas também não vamos levar recado pra casa.”