Paz nas escolas

Pânico não se justifica: escolas são lugares de paz e diálogo

Diante do medo de possíveis ataques neste 20 de abril, autoridades reforçam que estão vigilantes e destacam a valorização da paz

Arquivo/EBC
Arquivo/EBC

São Paulo – A data de hoje, 20 de abril, inspirou medo em muitos pais que não levaram seus filhos às escolas. Neste dia, em 1999, dois jovens promoveram um massacre na pequena cidade norte-americana de Littletown, na Califórnia. Os atiradores invadiram e assassinaram 12 estudantes e um professor na escola Columbine. O caso ganhou notoriedade internacional e virou tema de documentário de Michael Moore (Tiros em Columbine, 2002). Agora, o receio de novos atentados levou o Brasil a um cenário de pânico 24 anos depois.

O medo de que a data inspirasse ataques encontrou reforço na escalada da violência nos espaços educacionais. Em menos de um mês, tragédias ganharam grande destaque no noticiário. Uma delas em uma escola em São Paulo e outra em uma creche na cidade de Blumenau (SC). Depois disso, os boatos ganharam força. Autoridades reforçam que o pânico não é justificado. O governo federal, inclusive, lançou uma série de ações para combater, por um lado, a disseminação de desinformação e por outro, ameaças reais.

Caminho do diálogo

Ao mesmo tempo, forças de segurança pública ampliaram as ações de inteligência e policiamento nas instituições de ensino. São atitudes relevantes para garantir uma resposta imediata ao problema. Contudo, especialistas argumentam ser essencial um tratamento aprofundado ao tema, que vai além de uma questão de polícia. Trata-se do embate entre culturas; de paz e de ódio. “Precisamos voltar a conversar quem somos, qual sociedade somos”, argumenta a doutora em Educação Ana Lúcia Sanches.

A especialista comanda, hoje, a secretaria de Educação de Diadema, que participou do Bom Para Todos (assista), da TVT nesta quinta. Ela falou sobre o clima de medo disseminado entre os pais e estudantes nesta data. Ana Lúcia, inclusive, passou o dia percorrendo diferentes escolas de sua cidade para garantir que não existe motivo para temer. Ao contrário. “Hoje, mães choravam para não deixar o filho entrar na escola. Em todas as cidades, famílias não mandaram os filhos à escola. E estamos aqui para dizer o oposto. Escola é lugar de segurança. Então temos uma dicotomia do que é e do que se propaga.”

Paz nas escolas

A secretária ainda destaca que o enfrentamento à cultura do ódio e da violência não deve ser pautado em mais violência. “Os últimos acontecimentos estabeleceram um paradigma difícil de enfrentar que é esse clima de que o mundo vai acabar, que as escolas são violentas, que precisa colocar polícia. Então, estamos dizendo o oposto. Estamos constituindo um espaço em Diadema disposto a discutir de verdade o enfrentamento à violência, que não é igual à militarização.”

Então, de acordo com a especialista, existem diferentes frentes de enfrentamento. Ela pondera que, obviamente, ações policiais são necessárias. Mas não bastam. “Temos uma ação de inteligência que precisa ser feita, o governo federal tem trabalhado adequadamente neste sentido. Mas precisamos também do apoio do governo do estado nesta área, com delegacias de combate ao crime cibernético. Então, a escola é um lugar sagrado, essa é nossa defesa. Em primeiro lugar, temos de combater o discurso do ódio”, avalia.

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