Escalada preocupante

Em dois dias, cinco estudantes e uma professora são feridos em novos ataques

Um aluno de 13 anos é suspeito de ferir hoje três colegas no norte de GO. Ontem, outro estudante feriu uma professora e dois alunos em Manaus. Nesses dois dias foram registradas ainda uma tentativa e duas ameaças

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Há menos de uma semana, ataque a creche em Blumenau (SC) deixou quatro crianças mortas

São Paulo – Em dois dias, cinco estudantes e uma professora são feridos em dois novos ataques a escolas no país. Sem contar as duas ameaças de atentados e uma tentativa. Um aluno de 13 anos é suspeito de esfaquear três colegas na manhã desta terça-feira (11), no colégio estadual Doutor Marco Aurélio, em Santa Tereza de Goiás, no norte do estado.

Segundo a polícia, o suspeito foi apreendido. E os alunos feridos foram levados para o Hospital Municipal Dr. Tarciso Liberte. Uma das alunas feridas teve ferimentos nas costas, rosto e mão. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Goiás, as vítimas foram socorridas imediatamente e o estado de saúde é regular, sem ferimentos graves. As aulas foram suspensas até o próximo dia 14.

Na tarde de ontem, o ataque foi no Colégio Adventista de Manaus (AM). O suspeito é um adolescente, aluno da escola da rede privada, que foi apreendido após se entregar. As vítimas tiveram ferimentos superficiais.  

Há também ameaças de ataques, que levaram a polícia a apreender os autores. Na manhã de hoje, um adolescente foi apreendido em Mateus Leme, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Com a ajuda de dois primos maiores de idade – um já preso e outro foragido –, o jovem de 17 anos fez um vídeo. “Vamos parar Minas Gerais no massacre. Se vacilar na porta do Justino, eu vou picar a cabeça de todo mundo, Zé”, diz o jovem na gravação que circulou nas redes sociais e trouxe muito pânico. A apreensão foi tamanha que vários diretores de escolas ligaram para a polícia, em busca de ajuda já na madrugada.

Ameaças de ataques a escola vêm com muita violência

Também nesta terça, um jovem de 16 anos foi apreendido em Goiânia (GO) após investigação da Polícia Civil, por meio da Delegacia de Rio Verde, no sudoeste do estado. O adolescente foi identificado e detido em flagrante por anunciar um massacre contra duas escolas públicas na cidade. Ele também publicou foto de armas, para o horror de pais, alunos, professores e a comunidade em geral.

Em Perus, na periferia de São Paulo, um adolescente de 14 anos foi conduzido a um distrito policial após abordagem de professores nesta segunda-feira. Ele entrou mascarado no Centro Educacional Unificado (CEU) Perus, onde estuda, com facas e simulava estar com arma de fogo. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, a Guarda Civil Metropolitana foi acionada e um boletim de ocorrência foi registrado no distrito policial.

Na última quinta-feira (6), logo após o ataque que vitimou quatro crianças de uma creche em Blumenau (SC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou um grupo de trabalho para elaborar políticas para prevenir e enfrentar a violência em creches e escolas de todo o país. Também participarão da iniciativa representantes dos ministérios das Comunicações, da Saúde, Cultura, Esporte, Direitos Humanos e Cidadania, Justiça e Segurança Pública. E também da Secretaria Nacional de Juventude e da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Internet e ataques às escolas

O ministro Flávio Dino, da Justiça, tem cobrado as plataformas de internet. Conforme declarou, essas empresas “monetizam a violência”. Por essa razão, o ministro quer monitoramento efetivo nas redes sociais para monitorar e conter os ataques às escolas. Nesta segunda-feira, representantes da pasta e da Meta, Kwai, TikTok, Twitter e Google se reuniram. O objetivo foi debater ações contra os ataques às escolas.

Segundo Dino, a maior parte das empresas foi receptiva às demandas do governo e a negociação está em uma fase “intermediária”. “De modo geral, houve uma atitude de compreensão para que essa colaboração se amplie. Senti receptividade, mas não no nível que precisamos nesse momento. É preciso que a receptividade seja traduzida em gestos concretos”, disse. “É preciso mais colaboração porque é um senso de proporcionalidade. Em circunstâncias normais o nível de colaboração estaria ótimo, mas não estamos em circunstâncias normais.”

Caso não haja colaboração das plataformas em retirar os conteúdos de apologia à violência contra escolas do ar, as empresas serão acionadas, segundo o ministro da Justiça. Ele lembrou que o Estatuto da Criança e do Adolescente veda, entre outras coisas, a exposição de menores de idade que sofrem ou cometem violência e que a lei precisa ser cumprida.

“Não há termos de uso que se sobreponha a isso. Evidentemente, se essa solicitação não for atendida, vou determinar a instauração de um inquérito na Polícia Federal para investigar a conduta de plataformas que não estejam cumprindo, na nossa ótica, os seus deveres legais.” O Ministério Público Federal e os ministérios públicos estaduais também têm a prerrogativa de processar as empresas.


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