Taxa básica de juros é mantida em 10,75%

Decisão do Copom, unânime e sem viés, foi criticada

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu pela terceira vez seguida manter em 10,75% ao ano a taxa básica de juros (Selic). A decisão, esperada pelo mercado, foi unânime e sem viés. Em nota, o Copom disse que a decisão foi tomada “avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”.

Nas primeiras notas, as reações foram desfavoráveis à decisão. “Os efeitos negativos que a política de juros elevados provoca sobre a atividade produtiva do País têm sido, de maneira insistente, combatidos por nós. Está ficando claro à sociedade os efeitos adversos gerados pela política de manutenção de uma das maiores taxas de juros reais do mundo”, diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado(Ciesp), Paulo Skaf. ““O patamar atual em que se encontra a Selic tem contribuído para a constante sobrevalorização do real, permitindo um cenário no qual o crescimento da demanda doméstica seja, cada vez mais, abocanhado pela produção importada, que gera empregos lá fora eliminando postos de trabalho aqui no Brasil. Caso contrário, como explicar uma situação, em princípio ilógica, em que se verifica uma atividade industrial caminhando a passos vagarosos e um consumo brasileiro claramente aquecido?”

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) destacou a “oportunidade única” de crescer sem risco de ultrapassar as metas inflacionárias. “Além disso, o fim dos incentivos ao crédito e fiscais domésticos amplia oespaço para redução do juro básico da economia”.

A Força Sindical considerou “decepcionante” a decisão. “O Banco Central insiste nessa política monetária restritiva, que é contrária aos interesses dos trabalhadores. A alteração dessa postura, sempre em benefício dos especuladores, só traria vantagens para o setor produtivo, o verdadeiro gerador de emprego e renda”, diz a nota assinada pelo presidente da central, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).