Sem chance ao desperdício

Simone Tebet cita divergências na área econômica do governo, mas diz que ‘é na diferença que vamos somar’

Em sintonia com a equipe, nova ministra do Planejamento reafirma que projeto econômico do governo tem que abarcar a inclusão social sem causar desarranjo nas contas públicas

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Tebet cita "palavras de ordem": união, pacificação e reconstrução. "Brasil voltou ao curso normal da história”

São Paulo – No seu discurso de posse no Ministério do Planejamento, a ex-candidata à presidência Simone Tebet se colocou como membro do “governo do PT e da frente ampla democrática” e se autodefiniu como “filha da luta pela democratização”. A senadora licenciada do MDB, que ficará sem mandato a partir de fevereiro, pontuou em seu discurso que existem divergências econômicas entre ela e membros dos ministérios da Fazenda, comandada por Fernando Haddad, e Gestão (Esther Dweck), mas destacou que os vários componentes da área econômica como um todo vão se somar em prol do projeto nacional.

No discurso, Tebet afirmou ter falado sobre as diferenças de visão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao saber que era a indicada para o Planejamento. “Ele me ‘ignorou’, como quem diz: ‘é isso que eu quero, porque sou um presidente democrata que não quero apenas os iguais, mas os diferentes pra se somar’”.

Porém, assim como o presidente e o restante da equipe econômica, Simone Tebet destacou que sua pasta terá como foco “colocar o brasileiro no orçamento”. Citou o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, dizendo que “passou da hora de dar visibilidade aos invisíveis”. E fez referência às contas públicas em seu discurso.

“O plano de governo tem que abarcar isso (a inclusão social) sem causar desarranjo nas contas públicas. Segundo ela, a missão – árdua mas possível – da equipe é ficar de olho na dívida pública e indicadores econômicos, “comandada pelo ministro Haddad”.

Fim do negacionismo

A ministra do Planejamento disse que “o último domingo (quando Lula e Geraldo Alckmin tomaram posse) foi um dos mais importantes da nossa história”. “Depois de quatro anos de negacionismo à vida, ataques à democracia, discursos de ódio, mentiras deslavadas e divisão entre os brasileiros, aquele foi um dia de paz, de festa da democracia, dia em que o Brasil se reencontrou com sua verdadeira história.”

Comparou a “democracia de hoje e a barbárie de ontem”. As pautas do novo governo após Bolsonaro são a “defesa da vida, da diversidade e do meio ambiente”. Para Simone Tebet, a partir da posse do novo presidente, “só havia três palavras de ordem: união, pacificação e reconstrução. O Brasil voltou ao curso normal de sua história”. Acrescentou que o governo deve se debruçar sobre a construção de um planejamento “para os próximos oito, 12, 20, 30 anos”.

Gastos públicos

Simone Tebet também destacou que o Planejamento não pode “descuidar” da responsabilidade fiscal e dos gastos públicos, e que, por outro lado, é preciso priorizar a “qualidade desses gastos”.

“Feito o planejamento, vem a parte mais difícil: o orçamento. Não vamos descuidar dos gastos públicos. E aí se verá o nosso lado firme, austero, mas conciliador. É na diferença que vamos somar. Conciliaremos as prioridades em cada ministério, sob ordem de Lula, com os recursos disponíveis”, afirmou ainda.

Segundo ela, “o cobertor é curto, não temos margem para desperdício e erro”. Acrescentou: “Teremos quatro anos para implementar todas as políticas públicas que o Brasil precisa. Pior do que não gastar, é gastar mal.”

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