Mantega: governo quer conter contaminação inflacionária sobre preços

Ministro da Fazenda recorda que elevação de preços nos primeiros meses do ano é normal e projeta queda ao longo de 2013 por causa de pressão menor dos alimentos

Para Mantega, política econômica tem de seguir trajetória sustentável de crescimento (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje (12) que o governo está trabalhando para conter a expectativa de inflação criada a partir da divulgação de análises que apontam para um aumento de preços e reiterou que não deixará de tomar medidas impopulares caso seja necessário.

“O governo não deixará de tomar medidas necessárias para que se mantenha sob controle. E para que a inflação acabe se difundindo pela expectativa. Quando se fala muito de inflação, acaba-se estimulando os agentes econômicos a fazerem remarcações preventivas. É isso que temos de impedir. Impedir a inflação por expectativa. E faremos esse controle o tempo todo.”

Esta semana, a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março voltou a dar fôlego às análises que indicam que a inflação oficial do país ultrapassará a meta estabelecida pelo Banco Central, de 6,5% ao ano. 

Um pouco mais tarde, durante conversa com jornalistas, o ministro deu a entender que uma boa saída seria a alta da taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária do BC se reúne na semana que vem, e é grande a pressão para que a Selic seja elevada. 

“Expectativa se resolve com juros. O problema que temos hoje com a inflação pontual é que se pode correr o risco de contaminação. Setores que não têm aumento podem subir os preços por contaminação”, disse, negando, porém, que queira influenciar a decisão dos diretores do colegiado. “Não sei o que vai acontecer com os juros. Nem quero saber.”

Mas, para o ministro, a tendência é de queda ao longo dos próximos meses. Ele recorda que em 2012 a seca nos Estados Unidos levou a uma safra menor, o que elevou os preços dos alimentos. Durante a palestra, ele mostrou um gráfico indicando que a pressão inflacionária tem sido maior no começo de todos os anos, e que o acumulado no primeiro trimestre de 2013 é menor que os índices do mesmo período de 2010 e 2011, quando a inflação ficou dentro da meta.

Além disso, diz o ministro, o Brasil acabou afetado por conta de uma colheita menor de alimentos básicos, mas a nova safra, que começa este mês, vai naturalmente levar os preços ao centro da meta. “Posso assegurar que em 2013 não será diferente dos anos anteriores. As medidas que forem necessárias serão tomadas. Não titubeamos em tomar as medidas, mesmo as medidas que são consideradas não populares, como a elevação da taxa de juros quando é necessária. Não nos pautamos pelo calendário político. A área econômica toma as medidas necessárias para garantir que a economia siga uma trajetória sustentável de crescimento nos próximos anos.”