Desemprego cai, mas queda na renda ameaça crescimento econômico

Taxa recuou em setembro para 10,6%, segundo pesquisa Seade/Dieese, mas pela primeira vez a massa salarial ficou abaixo de 2010

São Paulo – O mercado de trabalho criou vagas em setembro e a taxa de desemprego caiu, conforme esperado para o período, mas a preocupação agora é com o rendimento, que continua em queda livre. Pela primeira vez no ano, a massa de rendimento dos ocupados caiu em relação ao ano anterior, o que não acontecia há mais de dois anos, segundo a pesquisa divulgada nesta quarta-feira (26) pela Fundação Sistema de Estadual de Análise de Dados, de São Paulo, e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A economista Patrícia Lino Costa, do Dieese, lembrou que a massa salarial reflete a capacidade de consumo da população. “O que preocupa é que com isso a sociedade consome menos, o mercado cria menos empregos e começa a comprometer o crescimento”, afirmou.

A taxa média de desemprego nas sete áreas pesquisadas (Distrito Federal e regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo) passou de 10,9%, em agosto, para 10,6%, quase um ponto percentual abaixo de setembro de 2010 (11,4%). Isso significa 154 mil desempregados a menos em 12 meses, para um total estimado em 2,362 milhões. No mesmo período, a ocupação cresceu 2% – 383 mil ocupados a mais. O emprego com carteira assinada continua crescendo (7% em 12 meses, 640 mil vagas a mais), enquanto o emprego sem carteira recuou 3% (58 mil a menos), embora tenha crescido 2,1% de agosto para setembro. A analista do Dieese observou que a diferença entre as taxas de 2010 e 2011 vem diminuindo – e elas tendem a se encontrar ainda este ano.

Na região metropolitana de São Paulo, a taxa recuou de 11,2% para 10,6%, a menor para setembro desde 1990 (10,2%). “Voltamos a ter o comportamento esperado (para o mês)”, disse o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian. Com 46 mil pessoas a mais na PEA (população economicamente ativa) e 106 mil vagas abertas, o número de desempregados (1,144 milhão) caiu em 60 mil. Em 12 meses, são 173 mil ocupados a mais (alta de 1,8%) e 87 mil desempregados a menos (-7,1%). Chamou a atenção no mês passado o comportamento da indústria, com abertura de 67 mil postos de trabalho (crescimento de 4%). “Foi uma boa surpresa”, disse Loloian. A alta se concentrou principalmente no setor metal-mecânico, o que pode explicar em parte a redução de um ponto percentual, para 10%, na taxa de desemprego na região do ABC.

As notícias ruins ficaram com os rendimentos dos ocupados (R$ 1.365), estáveis no mês (após nove quedas seguidas nessa base de compaeração) e com queda de 3% em 12 meses, chegando a -10,9% em Salvador, -7,5% em Belo Horizonte e -2,9% em São Paulo. Só houve alta (4,2%) na região metropolitana de Recife. Com isso, a massa de rendimentos recuou 1,1% na comparação anual. “O mercado de trabalho tem sentido os efeitos das medidas de contenção da inflação”, comentou Loloian.

 

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