Após aumento do IPI de importados, ordem é melhorar competitividade de montadoras

Para Anfavea e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Brasil deve ser produtor e não importador de veículos

Cledorvino Belini e Sérgio Nobre tiveram reunião fechada à imprensa (Foto: Rossana Lana/Divulgação)

São Bernardo do Campo – O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini, reuniu-se com diretores do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e representantes dos Comitês Sindicais de Empresa (CSEs) da região, na tarde desta quarta-feira (28), na sede da entidade sindical. O tema do encontro não foi revelado à imprensa, mas em entrevistas após a reunião a defesa da produção nacional e a mudança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos importados em 30 pontos percentuais foram o centro das conversas.

O executivo disse que a medida, inserida em um novo regime automotivo, dá todas as condições para as fábricas produzirem no país: “O objetivo é que se produza no Brasil com conteúdo nacional”. Segundo Belini, é vital o investimento em tecnologia, uma das condições previstas para as empresas que quiserem escapar do aumento do imposto. “Precisamos ser mais competitivos, ter novos designs.”

O presidente da Anfavea disse que ainda é cedo para avaliar os impactos da medida. “O que esperamos é que todos venham investir no nosso país de acordo com a lei”, afirmou, admitindo que é um grande desafio competir com a indústria chinesa, que produz com custos bem reduzidos em relação aos brasileiros. “Somente a produção em escala vai permitir que tenhamos no futuro uma indústria competitiva, para que possamos voltar a exportar, como em 2005, quando vendíamos para o mercado externo 35% da nossa produção.”

Sobre a visita ao sindicato, Belini disse que atendeu a um convite do presidente da entidade, Sérgio Nobre, que também já esteve na Anfavea discutindo o mesmo assunto.

O presidente do sindicato disse que o fato de a preocupação com os importados unir as duas entidades no entendimento do papel produtivo do Brasil já é meio caminho andado. “Pela fala do presidente da Anfavea, há intencão de a indústria continuar sendo produtora de automóveis e não importadora, mas também é papel dos trabalhadores cobrar”, diz.

Para Nobre, se a categoria quer ter emprego de qualidade e não quer ser apertadora de parafusos, é preciso cobrar da indústria. “Nós queremos ter engenharia, ter uma produção com maior valor agregado, com mais conhecimento. Isso é bandeira de luta desta casa. Então vamos pressionar quem tiver de pressionar”, avisou. Para ele, é esse tipo de trabalho que vai ajudar o país a continuar crescendo.

A reunião, segundo o líder metalúrgico, mostrou uma preocupação muito clara. “Elevar o IPI era uma medida momentânea, tanto é que tem prazo para acabar (dezembro de 2012). Agora precisamos aumentar a competitividade dos veículos brasileiros.”

Para chegar a esse patamar, o sindicalista diz que será necessário um esforço conjunto para adequar o mix de produção para o novo mercado que está se formando. “Os importados chegam aqui porque são carros maiores, completos, têm uma tecnologia que os nossos não têm, e isso precisa ser enfrentado pelas montadoras”, observou.

Nobre destacou que esses temas, assim como a redução dos impostos dos veículos, vão ser objetos de debate da categoria também na Câmara dos Deputados.