Nova alta

Copom sobe taxa de juros pela terceira vez seguida, para 8,5% ao ano

Decisão 'contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano', afirma BC

 

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou expectativas e aumentou a taxa básica de juros (Selic) em meio ponto percentual, para 8,5% ao ano. Foi a terceira alta seguida. Desde março, a taxa acumula elevação de 1,25 ponto. Os 8,5% representam o maior nível desde abril do ano passado.

A decisão foi unânime e sem viés. “O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”, diz nota divulgada pelo BC.

Assim, continua prevalecendo, nas decisões do comitê, a preocupação com a inflação oficial, ainda que os últimos meses tenham sinalizado um ritmo menor no aumento dos preços. Na ata da reunião anterior, quando a taxa básica subiu de 7,5% para 8%, já havia indicação de mais aperto monetário, mesmo com o desempenho fraco da economia.

Naquele momento, por sinal, a decisão de subir os juros coincidiu com o anúncio de um crescimento do PIB de 0,6% no primeiro trimestre, sobre o último trimestre de 2012. Dados recentes também mostram resultados ruins no setor industrial, que costuma ser o indutor da atividade econômica.

A próxima reunião do Copom trará de novo essa coincidência. Enquanto os oito membros do comitê reúnem-se no BC em 27 e 28 de agosto para discutir a taxa básica, no dia 30 o IBGE divulgará o PIB do segundo trimestre.

A Anefac, associação dos executivos financeiros, fez projeções para o crédito com base na taxa básica de 8,5%. Os juros do comércio passam de 4,08% para 4,12% ao mês (62,33% ao ano), os do cartão de crédito vão de 9,37% para 9,41% (194,23%) e os do cheque especial, de 7,68% para 7,72% (144,07%). A taxa média sobe de 5,43% para 5,47% – e de 88,51% para 87,37% ao ano.

Críticas

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) afirmou que a medida levará a uma nova revisão para baixo das expectativas de crescimento do PIB este ano – até para abaixo de 2%.

A Força Sindical considerou a decisão “nefasta” para o setor produtivo e para os trabalhadores, que ocorre em um cenário político “conturbado pela queda na produção e do emprego”.  Em nota, o presidente da central, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), chamou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, de “verdadeiro “beija-mão” do setor especulativo”.

Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, o BC novamente “cedeu à chantagem insaciável dos rentistas e especuladores do mercado financeiro, os únicos que ganham, e muito, com o aumento dos juros, o que vai travar ainda mais o ritmo de crescimento econômico e os esforços do governo para ampliar os investimentos do país”. Ele considerou a decisão de elevar os juros “descabida, uma vez que não há qualquer ameaça de descontrole inflacionário no horizonte” e criticou o que chamou de “campanha terrorista do mercado financeiro”.

“Isso é um assassinato à produção no Brasil. Aumenta o desemprego”, afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas.