HIP-HOP

No Dia do Rap Nacional, campanha resgata essência e filosofia: ‘Isso não pode se perder’

Artistas e ativistas defendem união entre gerações e respeito aos percussores da cultura no Brasil

KALAMIDADE/REPRODUÇÃO
KALAMIDADE/REPRODUÇÃO
Para defender os cinco elementos da cultura hip-hop, participaram da campanha nomes pioneiros, como o b-boy e ativista Nelson Triunfo

São Paulo – Para marcar o Dia do Rap Nacional, celebrado na última sexta-feira (6), foi lançada a campanha “Isso não pode se perder”, que reforça os valores da cultura hip-hop e a essência do gênero musical, que resiste no Brasil há mais de três décadas. O movimento foi publicado pelo portal Kalamidade, mídia independente voltada à cultura. A campanha tem como objetivo lembrar personalidades e artistas que lutaram pelo reconhecimento do rap no Brasil, ainda nos anos de 1980, e que pavimentaram o caminho para os dias de hoje. “Aprender com quem abriu caminhos para que a gente não se perdesse”, defende o portal.

Para defender os cinco elementos da cultura hip-hop – MC, DJ, grafite, break dance e “conhecimento” –, participam da campanha nomes pioneiros, como o b-boy e ativista Nelson Triunfo, a rapper Rubia RPW e o produtor e DJ, Zé Gonzales, o DJ Zegon.

Rubia RPW, que além de MC, é ativista e cientista social, vive o hip-hop desde 1989 e classifica a cultura como uma filosofia para a vida. “A essência do hip-hop é uma filosofia, é a base para formação de jovens da periferia, dos jovens negros. Essa essência jamais poderá se perder, passando pela luta, pela crítica e pela força”, defende.

Nelson Triunfo, considerado o Pai do Hip-Hop Nacional, defende ser essencial não se perder originalidade e o estilo de cantar. “Os quatro elementos precisam estar presentes nos grandes eventos. A maneira de criar boas letras, com mensagens e protestos, não pode se perder nunca. Dessa forma, o rap será para o Brasil assim como é o cordel”, afirmou.

União entre gerações

O surgimento de novas gerações permitiu que o rap alcançasse novas estéticas sonoras e estilos de rimas, através de subgêneros, como o trap. Para os artistas e percussores da cultura, o Dia do Rap Nacional reforça a necessidade de manter o respeito entre novos MCs e os rappers da antiga escola.

“A essência do rap nacional é a união dos elementos. Tanto a nova geração e a velha escola precisam ter respeito. Os novos artistas precisam entender e respeitar quem tem uma longa caminhada e pavimentou tudo. Atualmente, eu vejo o rap separados dos elementos da cultura. Ao mesmo tempo, vejo uma resistência da velha geração com quem está começando. Então, é preciso de um respeito muito para a cultura continuar crescendo”. afirmou DJ Zegon.

DJ Raffa Santoro, que está há 37 anos na cultura hip-hop, começou como b-boy e foi para produção musical. Para ele, essa união entre geração é a base para que o conhecimento continue seja repassado. “O que não pode se perder no hip-hop são os saberes, que passam de geração a geração, e o respeito com aqueles que pavimentaram a estrada, com responsabilidade social. Os cinco elementos devem continuar pra sempre e a troca de conhecimento, entre antiga e nova geração, precisa se manter.”

Lunna Rabetti, MC e produtora cultura, é a presidente da Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop. Segundo ela, os novos tempos exigem que o discurso de união passe por debates como a inclusão de gênero. “Qual é a essência desse movimento? A união. E é preciso pensar o movimento hip-hop enquanto equidade de gênero, inclusão da diversidade. A essência desse movimento é ser ferramenta de luta e linguagem da periferia. Através de seus cinco elementos, ele salva vidas.”

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