‘Destinos Ligados’ é drama sobre maternidade e adoção

Cena de “Destinos Ligados” com Samuel L. Jackson e Naomi Watts (Foto: Divulgação) São Paulo – Roteirista e diretor que procura afastar-se da sombra do pai famoso – o escritor […]

Cena de “Destinos Ligados” com Samuel L. Jackson e Naomi Watts (Foto: Divulgação)

São Paulo – Roteirista e diretor que procura afastar-se da sombra do pai famoso – o escritor e dono do Nobel de Literatura Gabriel García Márquez -, Rodrigo García vem construindo uma carreira sólida. Seu estilo sutil e humanista pode ser conferido em filmes como “Coisas que você pode dizer só de olhar para ela” (1999) e “Nove Vidas” (2005). Ele volta num novo drama familiar, “Destinos Ligados”, com Naomi Watts, Annete Bening e Samuel L. Jackson no elenco.

Mais uma vez, em “Destinos Ligados”, o diretor e roteirista coloca em primeiro plano um universo bem feminino, sendo a maternidade o tema central que amarra todos os destinos.

Uma maternidade problematizada pela questão da escolha e das substituições. Karen (Annete Bening, de “Adorável Julia”) é uma mulher na faixa dos 50 anos, amargurada, solitária e cuidando da mãe doente (Eileen Ryan) – uma relação marcada tanto pela culpa quanto pelo rancor. Muitos anos atrás, Karen engravidou, ainda adolescente, e foi forçada a abrir mão do bebê, encaminhado para a adoção. Décadas depois, ela decide pôr fim à obsessão em torno desta filha que ela não conhece e tenta reencontrá-la.

A filha é Elizabeth (Naomi Watts, de “Senhores do Crime”), uma advogada de sucesso e um tanto implacável em suas relações afetivas – como a que mantém com o chefe, o viúvo Paul (Samuel L. Jackson, de “Homem de Ferro”). Isto não impede que tenha um outro caso com o vizinho, homem casado, cuja esposa está grávida do primeiro filho.

Paralelamente às vidas de Karen e Elizabeth, corre a de Lucy (Kerry Washington), jovem casada e feliz, mas que não pode ter filhos, por isso decide tentar a adoção. O roteiro constrói lentamente as possibilidades de encontro entre estas três mulheres. García conduz esta trama deixando espaço para que o espectador respire junto com as personagens, conhecendo suas motivações e imaginando também como elas podem juntar-se, ou não. O filme define isto talvez de uma maneira que poucos antecipam, ao menos em sua totalidade.

Não há nenhuma grande mágica no estilo de García, apenas o empenho numa dramaturgia humanista, antenada no contemporâneo e que tem o cuidado de compor personagens capazes de verossimilhança – sem esquecer de inseri-los numa construção cinematográfica sólida e com atores maravilhosamente conduzidos. Samuel L. Jackson, por exemplo, há muito não é visto num papel com esta grandeza.

 (Fonte: Reuters)

 

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