Situação crítica

População em situação de rua aumenta 17 vezes em São Paulo

Ricardo Nunes perdeu, no ano passado, cerca de R$ 7 milhões em repasses do governo federal por deixar de atualizar a base de dados

Jorge Araujo/Fotos Públicas
Jorge Araujo/Fotos Públicas
A prefeitura de São Paulo teve a pior taxa de atualização do cadastro, quando comparada à de outras capitais

Agência Brasil – Entre dezembro de 2012 e dezembro de 2023, o número de pessoas que vivem nas ruas da capital paulista aumentou 16,8 vezes, passando de 3.842 para 64.818. Apesar do aumento da população em situação de rua, a prefeitura de São Paulo, sob comando do bolsonarista Ricardo Nunes (MDB), perdeu, no ano passado, cerca de R$ 7 milhões em repasses do governo federal por deixar de atualizar devidamente a base de dados.

Esses são alguns dos apontamentos da equipe de pesquisadores do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, do Polo de Cidadania da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O que se usou como referência foram os beneficiários vinculados ao Cadastro Único (CadÚnico). Ele é alimentado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

O total de pessoas que vivem sob essa condição na capital foi levantado pelo observatório. Portanto, difere do estimado pela gestão municipal da cidade, que é de 31.884 pessoas, de acordo com o último censo, aplicado em 2021 e divulgado em janeiro de 2022. Na análise dos pesquisadores da UFMG, a prefeitura de São Paulo teve a pior taxa de atualização do cadastro, quando comparada à de outras capitais. 

O crescimento da parcela que vive nas ruas de municípios do estado foi ainda mais significativo quando comparados os dois períodos. Em 2012, eram 5.257 pessoas, número que saltou para 106.857 em 2023. 

Trabalho de campo

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) afirmou que a pesquisa do observatório tem base no CadÚnico. “Então, ele é cumulativo e autodeclaratório e pode gerar distorções na análise”. A secretaria defende que o censo da prefeitura “é resultado de um minucioso trabalho de campo, de mais de 200 profissionais”.

“A SMADS destaca que a capital possui a maior rede socioassistencial da América Latina, com mais de 25 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua, distribuídas em Centros de Acolhida, hotéis sociais, Repúblicas para Adultos, Vilas Reencontro, entre outros. Atualmente, são 379 serviços de acolhimento com foco na autonomia”, acrescentou a secretaria. 

“Somente em 2023, 9.992 pessoas que estavam acolhidas nos serviços da rede socioassistencial obtiveram saída qualificada — quando o acolhido alcança a autonomia. São pessoas que conquistaram a moradia autônoma, retornaram ao convívio familiar. Então, conseguiram alojamento em local de trabalho ou foram para Repúblicas ou moradia provisória”, finalizou. 


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