Efeito covid + Bolsonaro

IBGE: em 2021, Brasil teve recorde de óbitos e o menor número de nascimentos

Segundo dados do Registro Civil, divulgados hoje, foram quase 1,8 milhão de mortes naquele ano, crescimento de 18% sobre 2020

Alex Pazuello/Secom-Manaus
Alex Pazuello/Secom-Manaus

São Paulo – O número de mortes no Brasil chegou a quase 1,8 milhão (1.786.347) em 2021, 18% a mais (273 mil) do que no ano anterior, aponta o IBGE. Foi o maior número absoluto e o maior crescimento anual, segundo dados do Registro Civil, divulgado pela entidade nesta quinta-feira (15). Ao mesmo tempo, o total de nascimentos caiu 1,6%, para aproximadamente 2,6 milhões (2.635.854), no menos resultado da série histórica.

“A pandemia de covid-19 mexeu muito com a parte demográfica do país”, afirma a gerente da pesquisa, Klívia Brayner. “Quando a demografia faz seus estudos, desenvolve projeções baseadas em um cenário mais ou menos estável. Mas o número de nascimentos ficou muito abaixo do que a própria projeção do IBGE indica e o número de óbitos, muito acima.”

Segundo recorde seguido

Pelos dados do IBGE, o número de óbitos bateu recorde pelo segundo ano seguido. Em 2020, foram aproximadamente 1,5 milhão, alta de 14,9%. Somados 2020 e 2021, são 469 mil mortes a mais (35,6%). De 2010 a 2019, o crescimento médio tinha sido de 1,8% por ano.

De acordo com o instituto, o aumento em 2021 ocorreu principalmente no primeiro semestre. Apenas em março foram 202,5 mil óbitos, 77,8% a mais do que em igual mês do ano anterior. A partir de julho começa uma tendência de queda. “A implementação de medidas sanitárias e, posteriormente, as campanhas de incentivo à vacinação parecem ter contribuído para o recuo da pandemia e suas consequências. Há uma clara aderência entre a diminuição no número de óbitos e o avanço da vacinação no país”, avalia a gerente do IBGE.

IBGE mapeia casamentos e divórcios

Entre as regiões, a Sul teve alta de 30,6% no número de mortes de 2020 para 2021. Em seguida, vem Centro-Oeste (alta de 24%) e Sudeste (19,8%). Norte (12,8%) e Nordeste (7,1%) cresceram abaixo da média nacional. No recorte por faixa etária, o total de óbitos aumentou principalmente entre adultos de 40 a 49 anos (35,9%) e de 50 a 59 (31,3%).

Já a redução do registro de nascimentos, que ocorreu pelo terceiro ano seguido, pode estar “associada à queda da natalidade e da fecundidade no país”, observa a gerente. “Outra hipótese é que a pandemia tenha gerado insegurança entre os casais, fazendo com que a decisão pela gravidez tenha sido adiada”, acrescenta. A pesquisa mostra ainda que tem crescido a idade média das mães.

Ainda segundo o IBGE, foram registrados 932,5 mil casamentos em 2021, alta de 23,2%. Apesar disso, o número ainda não retornou ao nível pré-pandemia. Do total, 9.202 casamentos foram entre pessoas do mesmo sexo, crescimento de 43%. Já o total de divórcios judiciais (em primeira instâncias por escrita extrajudicial) somou 368,8 mil, aumento de 16,8%.