Descaso

Enel descumpre novamente prazo e Grande São Paulo ainda tem 11 mil imóveis sem luz; moradores protestam

Após o apagão no meio da tarde da última sexta (3), a Enel havia informado que iria restabelecer a energia elétrica de todos os imóveis até a noite de terça (7). Apesar do prazo, milhares continuam no escuro. Presidente e diretor são convocados por CPI na Assembleia Legislativa

Reprodução / SBT
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Desde o vendaval de sexta-feira ainda há regiões em São Paulo sem o fornecimento de luz

São Paulo – Apesar da promessa da Enel de resolver o problema de falta de energia em São Paulo até o final da noite de ontem (7), a região metropolitana ainda tem 11 mil imóveis sem luz nesta quarta (8). O apagão começou no meio da tarde da última sexta (3) após temporal com ventos acima de 100 quilômetros por hora atingirem o estado. Cerca de 2,1 milhões de clientes da concessionária foram afetados.

A Enel havia dado essa terça, contudo, como prazo final para a conclusão do restabelecimento de energia nos domicílios de todos prejudicados. Sem luz há mais de 110 horas, moradores da capital paulista e da Grande São Paulo protestaram em diversas regiões. No Jardim Elba, em Sapopemba, na zona Leste da cidade, a população montou uma barricada na avenida Custódio de Sá e Fari, na altura do número 545, com sofá e pedaços de madeira. Moradores da Vila Leopoldina, na zona oeste, também interditaram uma via do bairro com galhos de árvores e gritaram palavras de ordem, na noite desta terça.

Manifestações também foram registradas no Morumbi e em Cotia, onde a população local chegou a fechar uma pista da rodovia Raposo Tavares. Ao todo, na noite de ontem, 107 endereços ainda estavam sem luz, segundo balanço da Enel. Apesar da demora em restabelecer o fornecimento e cumprir o prazo, o presidente da Enel Brasil rebateu críticas à concessionária no jornal Folha de S. Paulo, alegando o evento como extraordinário. “Não é para nos desculparmos, não. O vento foi absurdo.”

Executivos da Enel na CPI

Hoje, pela manhã, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enel na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou a convocação do executivo e do diretor da empresa em São Paulo, Max Xavier Lins. Criada em maio deste ano, a CPI investiga o processo de venda da Eletropaulo para a Enel, em 2018, e deve ampliar seu escopo para apurar as responsabilidades sobre o apagão.

O colegiado também aprovou o requerimento do deputado Luiz Cláudio Marcolino (PT) para que a Enel indenize, dentro de 60 dias, pessoas físicas e jurídicas prejudicadas com a falta de energia elétrica nos últimos dias.

Também criticado por omissão, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que acionará a Justiça contra a concessionária por descumprimento do compromisso de restabelecer o fornecimento de luz para todo o município. O caso deverá ser encaminhado pela Procuradoria Geral do Município (PGM). A prefeitura também divulgou que notificará o Procon de SP e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Audiência nesta quarta

O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) também realiza nesta quarta uma audiência pública na Câmara para apurar as causas do apagão. “É essencial chegar à raiz do problema para garantir que não aconteça novamente. Chamamos e esperamos a presença de representantes da prefeitura, Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) e Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para dar explicações”, destacou Boulos.

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