Habitação

Batalhão da PM na zona oeste de SP deve ocupar área destinada a moradias

Moradores do Jardim Edith temem que 80 unidades habitacionais deixem de ser construídas para dar lugar ao quartel

Lucas Bonolo/RBA

Governador transferiu para área para Segurança. Maioria das unidades já foi entregue. Imóveis ficam em bairro valorizado

São Paulo – Quase metade de uma área onde deveriam ser construídos prédios com apartamentos para pessoas de baixa renda e uma unidade de Atendimento Médico Ambulatorial (AMA) no Jardim Edith, zona oeste de São Paulo, foi destinada para a construção de um Batalhão da Polícia Militar.

Os imóveis seriam construídos pela Secretária Municipal de Habitação em uma área de 3.900 metros quadrados da Zona Especial de Interesse Social (Zeis) que pertencia ao governo do Estado, segundo os moradores. Mas, para surpresa de todos, em dezembro, um decreto do governador Geraldo Alckmin (PSDB) passou apenas 2.068 metros da área para a prefeitura, o correspondente a mais da metade (53%) do terreno, enquanto o restante foi destinado para a construção do batalhão.

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Com a redução da área disponível, os moradores temem que não haja espaço para construir todas as unidades necessárias para abrigar as famílias que ainda aguardam uma moradia definitiva e a AMA. Os moradores aguardam reunião com o secretário municipal de Habitação, José Floriano Neto, para verificar as opções.

“Queremos que eles expliquem o que vão fazer”, diz o líder comunitário Gerôncio Henrique Neto, que explica que, uma solução para compensar o número de unidades que deixariam de ser construídas seria aumentar os andares dos prédios. Mas isso implicaria na instalação de elevadores, o que encarece a obra e cria custos permanentes para os condôminos, que têm baixo poder aquisitivo.

“Eu não tenho nada contra a construção do batalhão, desde que se garanta o apartamento de todo mundo”, afirma Gerôncio.

O Jardim Edith era uma favela encravada em uma das regiões que mais foram valorizadas na cidade de São Paulo nas últimas décadas, a avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, alvo da operação urbana Água Espraiada. Graças à luta dos moradores, a área conquistou e manteve status de Zona de Interesse Social, o que deveria por si só garantir a urbanização da favela e permanência de seus antigos moradores no local. Mas foi preciso uma decisão judicial em 2010 para que os moradores pudessem voltar ao bairro após a urbanização da favela. 

No final de 2012, as primeiras unidades construídas com recursos da Operação Urbana, que já arrecadou R$ 3,4 bilhões, foram entregues pela Secretaria Municipal de Habitação. Mas cerca de 80 famílias cadastradas ainda aguardam suas chaves, enquanto recebem auxílio-aluguel da prefeitura.

Em nota, a secreta Municipal de Habitação afirmou que vai construir as unidades habitacionais no Jardim Edith como parte da operação urbana e que o projeto e a limitação do espaço estão sendo discutidos com o Ministério Público e governo do estado.

A Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar, não responderam aos questionamentos da reportagem.

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