Sem serviço

Delegacia deixa idoso sem atendimento durante toda a semana em São Paulo

Em delegacia comum idoso também foi informado de falta de comunicação. Prodesp e Segurança Pública não se posicionam

Vitor M/ Projetor/Folhapress

José Aguiar, de 71 anos, também foi desmotivado por atendentes a fazer boletim de ocorrência

São Paulo – Pela quarta vez consecutiva, o vendedor de revistas José Aguiar, de 71 anos, tentou hoje (28) registrar uma queixa na 1ª Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso, na Estação República do metrô, no centro de São Paulo. Em todas as vezes ouviu do atendimento que a delegacia estava sem sistema e que o B.O. não poderia ser registrado.

Aguiar precisou se mudar porque o hotel em que vivia na Luz, na região conhecida como cracolândia, está sendo usado pelo programa De Braços Abertos, da prefeitura de São Paulo. Agora, acredita que está sofrendo preconceito na nova pensão em que foi se abrigar. “Eles descobriram que eu morava na cracolândia e inventaram que eu deixei uma torneira aberta para me forçar a sair. Devem achar que eu sou usuário de droga, mas não sou. A mensalidade já está paga. Minhas coisas estão lá e não querem me deixar entrar”, reclama.

Sem se identificar, a RBA acompanhou a tentativa de registrar a queixa naquela delegacia do idoso. A escrivã Olivia afirmou que a delegacia estava com problemas de comunicação com a Prodesp, empresa de processamento de dados do governo do Estado.

Aguiar também procurou o 3º DP, na Rua Aurora, e lá também foi informado cinco vezes durante a semana que não havia sistema. Hoje, apesar de o sistema estar funcionando, ele foi incentivado a não fazer o registro. Antes, na Delegacia do Idoso, a escrivã sugeriu a ele “ignorar” a situação.

“Eles disseram que isso não era caso de polícia. Como não é? Eu fui discriminado. Estou sendo prejudicado porque já paguei. Estou tentando fazer justiça pelos meios certos. Só isso”, afirmou.

A reportagem ligou para quatro outras delegacias. No 5º DP, na Vila Gomes, zona leste da cidade, o funcionário afirmou que as quedas de sistema são constantes. Já nos 2°, 3º e 4º DPs, os funcionários afirmaram que o sistema estava em pleno funcionamento.

Questionadas, a Secretaria de Segurança Pública e a Prodesp não responderam se as delegacias foram afetadas de fato por problemas técnicos, desde quando eles acontecem e o que os ocasionou. Também não informaram qual procedimento os cidadãos devem adotar, caso não possam registrar ocorrências.

Em janeiro do ano passado, a RBApublicou reportagens mostrando como as delegacias especializadas em proteção ao idoso estavam abandonadas. As oito unidades da capital, localizadas em cada uma das seccionais do município, não têm um delegado-geral responsável nem estatísticas sobre o trabalho desenvolvido. Também faltam os profissionais que deveriam servir de suporte ao trabalho de delegados, escrivães e investigadores.