Verdade e liberdade

Bolonha, na Itália, aprova concessão de cidadania a Julian Assange

Assange é perseguido pelos Estados Unidos por revelar crimes de guerra cometidos no Oriente Médio. Liberdade de imprensa está em jogo

Pablo Vergara/ MST
Pablo Vergara/ MST
“Conceder a cidadania a Julian Assange é dar cidadania à liberdade de imprensa, ao direito à informação e à verdade"

São Paulo – O Conselho Municipal de Bolonha aprovou uma resolução para conceder a cidadania honorária a Julian Assange. O primeiro signatário do documento foi Detjon Begaj, líder da Coalizão Cívica, que obteve o apoio de 32 conselheiros municipais. Os cidadãos bolonheses se organizaram e coletaram mais de 2 mil assinaturas para solicitar a concessão da cidadania honorária ao jornalista.

“Conceder a cidadania a Julian Assange é dar cidadania à liberdade de imprensa, ao direito à informação e à verdade”, comentou Begaj. “Na era das fake news, o direito a uma informação livre e independente, o direito de conhecer documentos e fatos relevantes para a defesa da democracia, como crimes de guerra, que alguns poderes querem esconder da opinião pública, é fundamental”, completou.

Assange sofre intensa perseguição ao longo destes anos. Isso porque ele fundou o Wikileaks, plataforma que escancarou crimes de guerra dos Estados Unidos. Desde então, ele resiste a uma busca implacável política e judicial dos norte-americanos, que querem condená-lo por espionagem. Os cidadãos de Bolonha afirmam que sua condenação “parece ser um aviso para todo o mundo jornalístico e, por isso, ainda menos tolerável”.

Julgamento de Assange

O julgamento para decidir sobre o último recurso de Julian Assange contra sua extradição para os Estados Unidos começou hoje (20) em Londres. As oitivas não contaram com presença do fundador do WikiLeaks. Ele está doente, segundo seu advogado. “Ele não está bem hoje, ele não vai comparecer”, declarou Edward Fitzgerald no início da audiência no Tribunal Superior de Justiça de Londres.

No dia 28 de novembro, as publicações de Assange no Wikileaks completaram 12 anos. Para marcar a data, os jornais The New York Times, dos Estados Unidos, The Guardian, da Inglaterra, Le Monde, da França, Der Spiegel, da Alemanha, e El País, da Espanha, publicaram uma carta aberta intitulada “Publicar não é crime“.

“Numa democracia, uma das missões fundamentais de uma imprensa independente é chamar os governos à responsabilidade. Obter e divulgar informação sigilosa é parte essencial do trabalho cotidiano dos jornalistas. Se esse trabalho for declarado criminoso, não apenas a qualidade do debate público, mas também nossas democracias serão significativamente enfraquecidas”, declaram os veículos.

Assange, de 51 anos, está preso no Reino Unido desde 2019. Com situação de saúde frágil, o jornalista e ativista australiano está na iminência de extradição para os Estados Unidos. No país, ele deve cumprir pena de 175 anos de prisão em regime solitário. Isso porque divulgou informações sobre crimes de guerra cometidos pelo país no Iraque e Afeganistão.