Encontro de Arte Coletiva do ABC busca ‘pluralidade e democratização’

Mariana Lucio, organizadora do II Encontro de Arte Coletiva do ABC: foco na qualidade dos trabalhos (arquivo pessoal) Live painting com Gustavo Bauer; exposição coletiva de artes plásticas de Guilherme […]

Mariana Lucio, organizadora do II Encontro de Arte Coletiva do ABC: foco na qualidade dos trabalhos (arquivo pessoal)

Live painting com Gustavo Bauer; exposição coletiva de artes plásticas de Guilherme Petraca, Daniel Camatta e Sidney Amaral; exposição de fotografia de Tiago Silva; instalação audiovisual de Ricardo Palmieri; espetáculo de dança contemporânea de André Bizerra e CIA da Dança; show da banda Oficina de Blues; encontro de ilustradores; e diversas palestras e oficinas.

A diversidade de linguagens e expressões artísticas reflete o espírito com que o 2º Encontro de Arte Coletiva do ABC,  programado para o sábado (9), em Santo André (SP), foi pensado desde sua primeira edição, em 2011. Segundo Mariana Lucio, organizadora do evento, a ideia principal é ‘apresentar o ABC ao ABC’. Segundo ela, a região ainda carece de um debate mais claro e aberto sobre sua própria produção artística.

Mariana festeja o fato de esta nova edição do Encontro se fazer com o apoio institucional do poder público, que selecionou o projeto para receber recursos do Fundo de Cultura de Santo André. A verba possibilitou, diz a produtora, manter o foco na busca de trabalhos que fosse ao encontro da proposta de pluralidade, com qualidade.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista com a organizadora Mariana Lucio.

Como surgiu a ideia de realizar o Encontro de Arte Coletiva do ABC e como você avalia o resultado obtido na primeira edição em 2011?
Mariana Lucio – O Coletivo MARTE, idealizador do projeto, do qual eu era coordenadora do núcleo de Arte, possuía outros três núcleos: Música, Moda e Comunicação, o que garantia o entrelaçamento dessas áreas em todos os nossos projetos. O 1º Encontro de Arte Coletiva nasceu inspirado no Sketchcrawl e Sketchbook Party, eventos em que artistas profissionais e amadores se encontram pra desenhar e assim trocam referências, formam parcerias de mercado e se divertem.

O espaço Gambalaia, parceiro e sede da primeira edição estava com a exposição “fotocelular” de Cristina Suzuki montada na época. Os outros núcleos foram adicionando ideias e a programação virou um “bem bolado” artístico. A soma de diferentes personalidades e diferentes experiências profissionais no coletivo com igual poder de decisão fez com que o encontro nascesse com essa pluralidade e democratização que hoje são seus pontos centrais.

Quanto ao resultado, sabíamos que levaria tempo pra uma ampliação progressiva de visibilidade e recursos, então, a simples concretização da ideia já foi, pra nós, um grande sucesso.
 
Qual é a importância para o evento o fato de ter sido contemplado pelo Fundo de Cultura de Santo André, no final do ano passado?
A verba! Voz e respeito nós sempre tivemos. Em Santo André, o boca a boca ainda funciona bem, e a sociedade civil se mobiliza quando vê movimentações culturais bem intencionadas e de qualidade. O que muda com o fundo de cultura é a verba, sem dúvida. Patrocínios privados sempre foram raridade. Ter dinheiro pra alugar um prédio grande, imprimir banners e flyers, sortear brindes, pagar cachês aos colaboradores (que na primeira edição foram todos voluntários) e proporcionar aos artistas e comunicadores boas condições de exposição é, profissionalmente, uma realização indescritível.

Nosso mural coletivo é uma analogia que exemplifica muito bem essa transição. Em 2011 ele foi feito em madeirite (tapume de construção) fino e, portanto, sem estabilidade, cheio de texturas de desgaste; agora temos um em MDF (madeira de marcenaria), plano e estável. Não se preocupar com o dinheiro permite a mim, àminha equipe de apoio e a todos os profissionais colaboradores, o foco na qualidade e no conceito do trabalho; abrindo espaço para preocupações muito mais relevantes e enriquecedoras ao contexto cultural do ABC.
 
Quais são os principais objetivos dessa nova edição e qual é a expectativa?
O objetivo de todas edições é o mesmo: o encontro, físico e filosófico de produtores, artistas, comunicadores e população. Partindo disso, criamos objetivos consequentes que incluem: “ressignificar” a autoestima da identidade regional, por vezes sucateada pelos próprios produtores; “deselitizar” o debate artístico; “transversalizar” os setores da arte para fortalecer a interdisciplinaridade; apresentar o ABC para o próprio ABC e, assim, fomentar a subsistência do nosso idealismo, iniciando um ciclo de parcerias, influências e cooperativismo entre as produções e demandas regionais.
 
Como foi relacionar os artistas que participarão desta nova edição?
Para conseguir a aprovação no fundo de cultura, todo o projeto já teve de estar pronto em setembro do ano passado, com artistas, atividades e verba definidas e direcionadas. Junto do edital anexei mais de 30 cartas de interesse, de profissionais afirmando que participariam se o evento viesse a acontecer. A programação já está pronta e os artistas que chegam agora ainda podem participar através do mural coletivo, da nossa galeria online e do nosso concurso de capas. Na página do evento no facebook é possível conferir a programação completa.

Serviço

2º Encontro de Arte Coletiva do ABC – sábado (9/3), das 10h às 22h. Entrada franca
Escola Kleine Szene Studio de Dança – Rua Edu Chaves, 57. Vila Bastos. Santo André/SP
Inscrições pela página no Facebook ou pelo e-mail [email protected]