Livro reúne contos inspirados em canções dos Beatles

Quando se pensa na influência exercida pelos quatro rapazes de Liverpool, cidade industrial e portuária da Inglaterra, nas últimas cinco décadas, em toda a cultura pop mundial, ela é gigantesca. […]

Quando se pensa na influência exercida pelos quatro rapazes de Liverpool, cidade industrial e portuária da Inglaterra, nas últimas cinco décadas, em toda a cultura pop mundial, ela é gigantesca. Talvez pensando nisso, o jovem carioca Henrique Rodrigues resolveu convidar 19 escritores brasileiros da nova geração para escolherem uma canção dos Beatles como inspiração para criarem uma narrativa. Para completar, o escritor e jornalista Nelson Motta realizou um texto breve sobre as impressões que a banda britânica causou na vida dele, durante a década de 1960, no que foi denominado “bônus track”.

Henrique Rodrigues deixa clara a proposta logo na apresentação: “Cada autor ficou livre para escolher sua música preferida e escrever uma história, e o resultado ficou tão diverso quantas são as diferentes fases dos Beatles. Assim, espero que este livro branco seja lido ouvindo as canções que lhe serviram de inspiração, e que dessa soma surja uma nova forma de curtir as músicas dos Fab Four que, indiscutivelmente, permanecerão por muitas gerações”.  

Em comum, além do mesmo mote, esses contos tem o fato de começarem sempre com alguns versos da canção escolhida, como se fossem epígrafes, e de fazerem referência a várias outras. É o que faz o nova-iorquino radicado no Rio de Janeiro, André Moura, em “…love behind…”, inspirado em “For no one”, mas que começa citando “Lovely Rita” e, mais adiante, trata de “Help!”.  O mesmo ocorre com “Esta não fala de amor”, de Simone Campos, que possui personagens com os nomes Michelle e Rita.

O livro começa com uma espécie de conversa telefônica, baseada em “We can work it out”, escrita por Zeca Camargo. Outro conto que merece destaque é “O barbeiro e o besouro”, da carioa Ana Paula Maia, que utiliza a rua que inspirou a canção homônima dos Beatles, Penny Lane, como cenário de sua narrativa. Em “Ruídos”, a paulista Carola Saavedra, baseada em “Michelle”, relata a criação de um novo idioma, o “euskera”. 

Mais no espírito da canção impossível! “Há uma teoria que afirma que o euskera é na realidade uma língua trazida por extraterrestres que teriam chegado ao norte da África por volta de 1200 a.C. Após sucessivas migrações eles teriam se estabelecido na região dos Pirineus”, relata.

O pernambucano Marcelino Freire apresenta um dos melhores contos do volume, “PM”, inspirado em “Eleanor Ribgy”, em que um casal homossexual convive alguns dias com a Tia Eleonora, fã ardorosa dos Beatles. André Sant’Anna foi magistral, em “Nothing is real”, ao narrar uma trip muito doida de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star no palácio da Rainha da Inglaterra. 

O baiano Rafael Rodrigues se valeu de “Don’t Let Me Down”, para escrever “Amor Incondicional”, em que quatro rapazes abdicam de tudo para criar uma banda de rock. E Felipe Pena se valeu da estrutura narrativa da letra de “Let It Be”, para criar uma espécie de evangelho beatlemaníaco em  “Carta de são Paulo ao apóstolo João”.

[email protected]