Em evento tumultuado, ativistas discutem com ministra do Meio Ambiente na Rio+20

Izabella Teixeira bateu boca com ativistas por causa da usina de Belo Monte e do Código Florestal (Foto: Aliza Eliazarov/ONU) Rio de Janeiro – Ao tentar apresentar dois novos programas […]

Izabella Teixeira bateu boca com ativistas por causa da usina de Belo Monte e do Código Florestal (Foto: Aliza Eliazarov/ONU)

Rio de Janeiro – Ao tentar apresentar dois novos programas ambientais do governo federal, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi interrompida hoje (21) por ativistas que protestavam contra a política ambiental do governo. Código Florestal e Belo Monte foram os principais motivos da discussão entre Izabella e os ativistas.

Maíra Irigarai, do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, questionou a ministra sobre as decisões do governo brasileiro com a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. A ativista criticou a forma pela qual o governo decidiu pela construção de uma usina que desviará dezenas de quilômetros do Rio Xingu, comprometendo as condições de vida de populações ribeirinhas e indígenas.

Exaltada, Izabella Teixeira afirmou que pelo fato de o Brasil ser um país democrático, ela não expulsaria os manifestantes, mas não poupou palavras e tons para defender a política ambiental do governo Dilma. “Se não estivéssemos praticando uma política ambiental eficiente, não estaríamos atingindo níveis históricos de preservação ambiental, como a queda recorde nos desmatamentos da Amazônia. Se você quer defender seu ponto de vista, eu também quero. E tenho argumentos suficientes para isso”, disse, com nervosismo.

Por muitas vezes, a ministra foi vaiada e aplaudida. Assim também ocorria com os ativistas. Ao defender um país democrático, onde todos têm o direito de se manifestar, Izabella recebia apoio dos presentes, mas ao tratar de Código Florestal o apoio não era unânime, deixando a ministra ainda mais exaltada, fazendo-a citar dados a respeito das decisões do governo brasileiro de acatar ou vetar alguns pontos do Código Florestal em discussão no Brasil.

“Mais de 90% dos agricultores familiares deste país são ilegais por conta do código que está em vigor. Eu quero tirá-los da ilegalidade, dando-lhes condições de trabalho. Não quero favorecer nenhuma corporação”, gritava a ministra.

Maíra afirmou que não concorda com as políticas adotadas pelo governo. “Esse governo não ouve as pessoas. Eles são movidos a interesses. E é isso que a gente quer protestar”, disse a ativista. Enquanto as discussões estavam acaloradas, participantes de outros países que estavam presentes pouco entendiam do que se tratava a discussão. Perguntando-se uns aos outros, os estrangeiros tentavam inteirar-se do assunto.

Programa

O momento da interrupção ocorreu quando o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, detalhava a ampliação do “Fundo Amazônia”, um programa do governo que une recursos para conservação e preservação da floresta amazônica. Teixeira e Coutinho haviam anunciado poucos instantes antes que o programa seria ampliado a outros países fronteiriços com o Brasil, os quais também têm áreas da Amazônia em seus territórios. O projeto será realizado em conjunto com a Organização do Tratado para a Cooperação Amazônica (OTC). No total, serão investidos R$ 27 milhões.