Concorrência?

Disputa em construção do aeroporto de Cláudio teve preços quase iguais

Entre os três concorrentes na licitação para a obra realizada na fazenda do tio de Aécio Neves, diferença entre maior e menor preço foi de 0,61%

José Paulo Lacerda/CNI

Construção de aeroporto em terra da família ocorreu durante a gestão de Aécio no governo de Minas

A polêmica construção do aeroporto na cidade mineira de Cláudio pelo governo Aécio Neves (PSDB) não termina nas questões do terreno desapropriado de seu tio. Nem da localização a 6 quilômetros da fazenda do ex-governador e atual senador, quando existe outro aeroporto bem próximo, em Divinópolis, que já atende a região. E vai além ainda do uso privativo pelo senador, quando ainda está fechado ao uso público.

O processo de licitação também levanta polêmica. Cinco empreiteiras apresentaram propostas. Duas foram desqualificadas. As três propostas restantes tiveram valor muito próximo. A diferença entre o menor preço apresentado e o maior foi apenas 0,61%.

O edital do Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais estipulou o valor máximo de R$ 13.568.033,63. A vencedora, com menor preço, apresentou o valor de  R$ 13.413.562,71 apenas 1,14% abaixo do máximo.

O custo final da obra, com aditivo de 3,96%, ficou em R$ 13.945.341,80 ou seja, acabou ultrapassando em R$ 377 mil o valor máximo licitado.

A proximidade de valores não é, por si, prova suficiente de combinação de preços, pois pode ser coincidência. Mas sugere acender o sinal amarelo no Ministério Público e em outros órgãos de controle, como indício que merece ser investigado. Afinal, coincidência de dois valores acontece, mas de três é bem mais raro.

Doações de campanha

Uma das empresas perdedoras, Construtora Marins Ltda., nas eleições de 2010 dou para a campanha de Aécio Neves ao Senado o valor de R$ 60.165,00. Para a campanha a governador do candidato tucano Antônio Anastasia doou R$ 164.165,00. Outros valores foram pulverizados para candidatos ao parlamento da base de apoio aos tucanos mineiros.

A outra empresa perdedora, a Conserva de Estradas Ltda., foi mais generosa com as candidaturas tucanas em Minas em 2010. Doou R$ 253.514,00 para a candidatura de Aécio ao Senado e R$ 806.014,00 para a candidatura de Anastasia a governador. Candidatos ao parlamento aliados de Aécio também receberam doações.

Curiosamente, a empresa vencedora, Vilasa Construtora Ltda, só doou R$ 20 mil para Anastasia e nada para Aécio. Mas doou R$ 220 mil para candidatos mineiros ao parlamento aliados aos tucanos. Doou R$ 200 mil para o então candidato do PSDB ao senado pelo Amazonas, Arthur Virgílio Neto, e R$ 110 mil para candidatos do PR e do DEM no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.