São Paulo – O candidato derrotado à Presidência da República Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) considera que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem apoio amplo porque a população vê nele “o poderoso que lhe faz um favor”. Em artigo ao Terra Magazine, o desembargador aposentado sustenta que o Brasil convive com a “cultura do favor”, em que pessoas pobres têm acesso a direitos apenas por apadrinhamento.

Aliado a esse fator, segundo Plínio, está a repressão a insurgentes. “(Mas) o povo sabe que a repressão dos revoltosos é seletiva”, avalia. Ele compara a repressão policial empregada contra opositores da Ditadura Militar, instaurada com o golpe de 1964. De um lado, os políticos cujos direitos políticos foram cassados, mantiveram o patrimônio intocado. No mesmo período, “os líderes camponeses que se rebelaram foram todos assassinados”, escreveu.

Em função da legislação cheia de “preceitos vagos e confusos”, surge espaço para casuísmo, ainda segundo ele. “Uma população totalmente sem esperança de conseguir que seus problemas sejam resolvidos contentou-se com migalhas e identificou na figura do Lula o poderoso que lhe faz um favor. Seu dever moral é retribuir esse favor e o meio de que dispõe para isto é o voto”, analisa.

Essa fórmula explica, para ele, por que o eleitorado não se afasta da figura do presidente, apesar das denúncias de corrupção e dos problemas sociais que persistem no país. O dever moral de retribuição é que explicaria a fidelidade.

A íntegra está no Terra Magazine.