neoliberalismo

Impasses da direita latino-americana

Partidos tradicionais da direita estão em crise; contam com a mídia, mas têm dificuldade com candidatos com apelo popular e na plataforma a propor, sempre vinculada a governos neoliberais do passado

No Brasil, é uma política de desestabilização com objetivo de impedir o governo da presidenta Dilma

Há inquestionavelmente uma ofensiva generalizada das direitas latino-americanas querendo desestabilizar os governos progressistas do continente. Venezuela, Argentina e Brasil são casos mais evidentes, mas se pode dizer que no Equador, na Bolívia, no Uruguai e em El Salvador há igualmente tentativas de recomposição das direitas desses países, retomando uma ofensiva contra os governos.

A direita parte de uma situação desfavorável porque seus governos de referência – como o México e o Peru – têm desempenho claramente inferior em comparação com outros como o Brasil, a Bolívia, o Uruguai e o Equador, especialmente em termos de políticas sociais, mas também em termos de apoio político dos governos desses países.

Mesmo nos outros países, a direita esteve no governo há não muito tempo e a aplicação das políticas neoliberais deixou amarga lembrança no povo de cada país. Em cada processo eleitoral, a comparação entre os dois tipos de governo pesa sobre a direita como um fardo com o qual ela tem muita dificuldade de lidar.

Nos outros países, a direita se enfrenta com governos que melhoraram substancialmente a situação da grande massa pobre da população, a ponto que os candidatos da direita tendem todos a afirmar que manteriam essas políticas. Se enfrentam governos que, apoiados nos resultados dessas políticas, foram eleitos e reeleitos sucessivamente ao longo deste século.

Diante desse quadro, a ação da direita se vale, de forma sistemática, do monopólio nos meios de comunicação, para tentar desestabilizar os governos. Suas campanhas são muito similares nos vários países da região, centrando-se na difusão de um terrorismo econômico, que busca criar e difundir um pessimismo sobre a situação e as perspectivas futuras desses países.

E, por outro lado, em todos esses países, campanhas de denúncias de corrupção afetando a esses governos e aos seus partidos. O objetivo não é apenas enfraquecer o apoio a esses governos, mas desqualificar o Estado, uma vez que tratam sempre que as denúncias evidenciem sua posição de que a fonte fundamental de corrupção na sociedade é o Estado.

Os partidos tradicionais da direita na América Latina estão praticamente todos em crise. Ela conta como instrumento fundamental com a mídia – impressa e televisiva, além de suas expressões na internet, mas sobretudo radical. Mas tem dificuldade com candidatos com apelo popular e na plataforma a propor, sempre vinculada a seus governos neoliberais do passado.

A direita latino-americana concentra atualmente suas forças nas políticas de desgaste na Venezuela, na Argentina e no Brasil – com os olhos postos nas eleições presidenciais deste ano na Argentina e nas legislativas também este ano e, eventualmente, no referendo revogatório do próximo ano na Venezuela. No Brasil, é uma política de desestabilização sem horizonte de mudança de governo, apenas com as tentativas de inviabilizar que a presidenta Dilma Rousseff possa fazer um bom governo.