Aumento abusivo na tarifa das barcas no Rio revolta população

O impressionante aumento de 60,7% das tarifas das barcas no Rio de Janeiro, saltando de R$ 2,80 para R$ 4,50, rendeu manifestações, ataques de ciber-ativistas e manifestações políticas diversas – […]

O impressionante aumento de 60,7% das tarifas das barcas no Rio de Janeiro, saltando de R$ 2,80 para R$ 4,50, rendeu manifestações, ataques de ciber-ativistas e manifestações políticas diversas – além do óbvio prejuízo para milhares de passageiros que dependem do meio de transporte e que tiveram que sustentar um aumento dessa magnitude de uma hora para outra.

Na tarde de sexta-feira, o grupo Anonymous invadiu o site da Barcas S/A e divulgou uma mensagem em que criticaram o estado de conservação das barcas, incluindo assentos e banheiros, e  problemas de segurança, como coletes sem data de fabricação ou validade e falta de extintores de incêndio, entre outros. Além disso, ameaçam vazar dados sigilosos da empresa: “E quanto a vocês das barcas, estamos com acesso aos seus sistemas e estamos encontrando coisas interessantes. Aguarde o WikiLeaks. Pois nós somos Anonymous, nós somos uma legião, nós não perdoamos, nós não nos esquecemos”. Depois disso, o site da empresa ficou fora do ar por vários dias – no momento em que publico este texto, encontra-se “em manutenção”.

Antes disso, o grupo vazou telefones pessoais, municípios de origem, currículo e área de atuação dos deputados estaduais que teriam aprovado o aumento. No entanto, o alvo dos ciber-ativistas foi equivocado, como explicou o deputado estadual André Ceciliano (PT), listado como favorável ao aumento.

A questão é que a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro não tem mais a permissão de aprovar ou não os aumentos nos meios de transporte. A competência, por lei, é exclusiva da Agência Reguladora de Transportes do Rio (Agetransp). O que foi votado pelos deputados foi o subsídio dado pelo governo que permite que os usuários do Bilhete Único paguem R$ 3,10 na tarifa da barca.

Os técnicos da agência reguladora justificaram o aumento de 60% numa tacada só com um estudo coordenado por uma empresa terceirizada que teria verificado um desequilíbrio econômico no contrato com a Barcas/AS. Não foi ouvida a população, que pagará a conta por tal desequilíbrio. Para piorar a situação do governo estadual, dirigido por Sérgio Cabral (PMDB), a Universidade Federal de Santa Catarina divulgou nesta semana que o estudo feito a pedido da Agetransp recomendava a necessidade de uma tarifa de R$ 3,18, aumento bem menos salgado que o aprovado.

Usuário da barca, o dirigente sindical bancário Paulo de Tarso considera injusto o aumento do preço em relação à qualidade do sérvio prestado. “Faltam funcionários, principalmente marinheiros… Não tem ar condicionado. O tempo de travessia é variável. Logo, é injusto que se aumente o preço”, afirma. “Já perdi compromissos algumas vezes pelos constantes atrasos nas saídas das barcas, defeitos nos torniquetes de entrada e também quando chove fortemente por conta de ressacas no mar”, completa.

Ele compara o serviço atual com a época em que a baça ainda era controlada diretamente pelo Estado. “Usei a barca ainda em 91, quando pertencia ao Estado. Depois voltei a morar no Rio e fiquei dez anos fora de Niterói. Passei novamente a usar seus serviços a partir de 2002. Não dá pra comparar com o tempo que pertencia ao Estado. Eram bem menos passageiros por barca, o preço era menor, a capacidade das barcas antigas era o dobro das atuais”, lembra.