As extravagâncias do vice-governador do DF em tempos de Cachoeira

O vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli (PMDB), parece gostar de viver perigosamente, em tempos de CPI do Cachoeira, quando políticos, sobretudo do centro-oeste, fogem de exibir extravagâncias financeiras em […]

O vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli (PMDB), parece gostar de viver perigosamente, em tempos de CPI do Cachoeira, quando políticos, sobretudo do centro-oeste, fogem de exibir extravagâncias financeiras em público.

Ele casou um filho em um suntuoso castelo medieval na Itália, fazendo uma festa faraônica, típica de magnatas – a ostentação toda rolou numa quinta-feira, mais precisamente no dia 7 de junho no Castelo Odescalchi di Palo Laziale, em Ladispoli, a 40 minutos de Roma.

Segundo o jornal O Globo, local já foi palco de casórios de gente como os astros de Holywood Katie Holmes e Tom Cruise; a cantora Christina Aguilera gastou lá cerca de R$ 4 milhões em seu casamento, e a filha de Bernie Ecclestone, o magnata da Fórmula 1, torrou cerca de R$ 35 milhões num encontro pra lá de animado nos salões e torres da construção.

O pai da noiva é diretor da Oi em Brasília e foi mais modesto quando casou outra filha, fazendo a cerimônia em um hotel da capital federal.

Filippelli declarou à Justiça Eleitoral em 2010 bens no valor R$ 8,4 milhões. O maior deles é metade da empresa “Arca Eletron Eletrificação”, do ramo de instalações e manutenção de redes elétricas, e segundo o site da empresa, o único cliente mencionado é a CELG (empresa de eletricidade do governo de Goiás) – empresa que aparece em algumas conversas flagradas por investigações da Polícia Federal entre o bicheiro Cachoeira e o senador Demóstenes Torres.

No inquérito da operação Monte Carlo, o Cachoeira e o ex-diretor da empreiteira Delta, em conversa, conspiram sobre derrubar o governador Agnelo Queiroz (PT), através de denuncismo em revistas semanais, interessados no vice assumir o cargo.

Não sei se Filippelli gosta de história, mas talvez fosse interessante ele ler sobre o baile da Ilha Fiscal, o mais suntuoso e extravagante da côrte. E também o último. Na semana seguinte era proclamada a República.

Aos trabalhadores, o desafio contra a mídia

A presidenta Dilma vai bem de popularidade, e é cada vez mais admirada pela população. O ex-presidente Lula é o mais querido político do Brasil. Em que pese os solavancos da economia mundial, o Brasil tem conseguido preservar empregos, reagir às intempéries e continuar sua trajetória para nos tornarmos um país de classe média, com todos participando da prosperidade nacional.

Dilma consegue impor sua agenda positiva, com corte de juros, desoneração de impostos sobre bens populares e para a classe média, pressão por preços menores e serviços melhores nos serviços públicos regulados, conquistas sociais para a baixa renda, e programas de investimento para o desenvolvimento sustentável.

Com o povo relativamente satisfeito, se a agenda do noticiário for positiva durante a campanha eleitoral, a oposição sofrerá uma derrota acachapante para os partidos mais identificados com Dilma e Lula.

Daí há um enorme esforço dos setores conservadores para impor uma agenda negativa no noticiário contra partidos ligados aos interesses dos trabalhadores. Se não podem produzir catástrofes econômicas de verdade, produzem “overdose” de denúncias muito acima da realidade.

Estranhamente, porém, pouco se deu atenção ao nababesco casamento do filho do vice-governador do DF, torrando milhares de reais em uma festa descabida e, para muitos do seu partido, incoveniente. 

Mas a estratégia dos setores conservadores da velha imprensa, dos banqueiros e das oligarquias econômicas, nem é necessariamente salvar a oposição, mas não deixar os partidos ligados às conquistas trabalhistas avançarem, diante de partidos conservadores da base governista. 

Para estes setores do poder econômico não há problema em trocar o PSDB pelo PMDB, nem trocar o DEM pelo PP ou PSD, nem o PPS pelo PR ou PTB. Só não querem que partidos como o PT, PCdoB e setores trabalhistas do PDT e PSB avancem no parlamento em 2014, e para isso, querem impedir que conquistem mais prefeituras este ano.

Muita gente do PSDB, DEM e PPS talvez nem se dê conta disso, mas o poder econômico e midiático não se importam se a oposição for usada como homens-bomba para perder as eleições ao lado dos partidos e candidatos dos trabalhadores, desde que abra caminho para partidos conservadores da base governista vencer.

O desafio dos partidos que representam os trabalhadores neste ano será duplo: não deixar as campanhas serem asfixiadas pelos ataques maciços que se mostram ferozes e muitas vezes sem escrúpulos, e levar a agenda positiva para as cidades ao eleitor.