Verão será mais quente em grande parte do país, diz Inpe

Sul e Sudeste devem continuar com chuvas fortes durante a estação mais quente do ano. El Niño causa temperaturas elevadas

Mais chuvas no Sudeste e Sul estão entre as previsões do Inpe para o verão (Foto: Reprodução/Inpe)

O clima deve esquentar. O verão, que começou nesta segunda-feira (21), às 14h47, tem tudo para ser mais quente do que o normal. A avaliação é do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTec), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A temperatura deve ficar acima da média em todas as regiões, com exceção do Sul, onde os termômetros deverão variar dentro da média climatológica durante o trimestre.

As previsões meteorológicas para o período destacam as regiões Norte e Nordeste, onde a estação pode ser mais seca e com temperatura alta até março. Para o Sul e Sudeste, a tendência é a continuidade do grande volume de chuva. 

No hemisfério sul, o verão é caracterizado por dias mais longos do que as noites e costuma apresentar mudanças rápidas nas condições diárias do tempo. O resultado é a ocorrência de chuva de curta duração e de forte intensidade, principalmente, à tarde. Considerando o aumento da temperatura do ar sobre a América do Sul, as precipitações são acompanhadas por trovoadas e rajadas de vento, em particular nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

El Niño

A meteorologista do CPTec, Cláudia Prestes, adianta que a tendência para o trimestre é de normalidade climatológica das condições nas demais regiões do país. Isso significa que o comportamento do clima deve acompanhar a média analisada nos últimos 30 anos nessas áreas. “A previsão de um período mais seco ainda para o Norte e mais chuva para o Sudeste está baseada nas características da atmosfera e a presença do fenômeno El Niño, que está atuando no da região equatorial central do oceano Pacífico”, afirma.

O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico na faixa entre os trópicos. A ocorrência afeta o clima regional e global e muda os padrões de vento e regime de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias. No Brasil, o fenômeno causa mais chuva na região sul e seca no norte.

O grande volume de chuva no sudeste tem outras explicações. “Durante o verão, o pico da estação é janeiro. Neste ano, já está sendo bem atípico, chovendo bastante desde o inverno, em especial, em São Paulo e no Sul”, ressalta Claudia.

Ela lembra que essas chuvas podem estar associadas à passagem de sistemas frontais e à formação do sistema meteorológico conhecido por Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), cuja principal característica é a ocorrência de chuva por vários dias.

O verão no Brasil

Norte – O verão deverá ser mais seco e quente. A previsão climática de consenso do CPTec, baseada na análise de diversos modelos climáticos, indica maior probabilidade de ocorrência de chuva abaixo da média histórica. As condições podem ainda ser diferenciadas, ao longo do trimestre, dependendo da localidade.

O extremo norte apresentará volume de chuva abaixo da média. O índice no trimestre costuma ficar acima de 600 milímetros. Já a temperatura pode ultrapassar a máxima verificada em outros verões. Para o sul da região, a previsão é de normalidade, o que significa bastante chuva, como é comum nesta época do ano. Em especial, no Acre, Rondônia, sul do Amazonas e sul do Pará. No Pará, por exemplo, a chuva começa em dezembro e, em janeiro, chove muito.

A chuva deve ficar abaixo da normal entre o nordeste do Amazonas e centro-norte do Pará. No centro-sul do Tocantins, a previsão é de valores acima da média.

Nordeste – Como no norte, será seco e quente. A previsão do CPTec indica ocorrência de chuva abaixo da média histórica, entre 200 e 300 milímetros, no decorrer do trimestre dezembro de 2009, janeiro e fevereiro de 2010. A temperatura também deve ultrapassar as marcas dos últimos anos.

O comportamento deve ser diferenciado só na Bahia. A tendência é de que o estado apresente chuva acima da média. A Bahia sofre um padrão de chuva bem parecido com a região sudeste, devido à atuação de sistemas frontais que conseguem chegar a essas localidades com mais facilidade nesta época do ano.

Sudeste – O verão na região sudeste será quente e com a ocorrência de mais chuva em relação à média climatológica verificada nos últimos anos. De acordo com Claudia Prestes, essa é a época mais chuvosa da região, sendo o pico da estação em janeiro.

A chuva nessa região tem valores em torno de 400 a 600 milímetros nos três meses. A tendência é que o volume fique acima desse valor, o que já é observado desde o inverno. “Em São Paulo, nos oito primeiros dias de dezembro, choveu um terço da climatologia”, explica Claudia.

Sul – Deverá chover acima da média, com volume superior à média (entre 300 e 400 mm) no próximo trimestre. Já a temperatura terá variação semelhante a de outros anos.

Centro-Oeste – As chuvas deverão ser mais intensas que o normal. O maior volume deve ser verificado na área centro-sul, acima de 400 mm no decorrer do trimestre.

Fonte: Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos/INPE

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