Semiárido baiano terá nove usinas eólicas com financiamento do BNDES

(Foto: Arquivo) Rio de Janeiro – Financiamento no valor de R$ 588,9 milhões, aprovado na terça-feira (4) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vai permitir a construção […]

(Foto: Arquivo)

Rio de Janeiro – Financiamento no valor de R$ 588,9 milhões, aprovado na terça-feira (4) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vai permitir a construção de nove usinas eólicas no interior da Bahia, com potência instalada de até 195,2 megawatts (MW). A beneficiada é a empresa Renova Energia, vencedora do leilão de energia de reserva de 2009. O financiamento corresponde a 74,35% do investimento total de R$ 792,2 milhões.

O gerente da área de Energias Alternativas do BNDES, Luís André D’Oliveira, informou que a ideia é assinar os contratos o mais rápido possível, “de preferência no mês que vem”. O prazo vai depender do atendimento de pré-condições estabelecidas.

O setor de geração eólica é considerado prioritário para o banco não só em termos de prazo, como de juros, por ser uma fonte de energia limpa e que contribui para a diversificação da matriz energética nacional. A taxa básica cobrada nos projetos atinge 0,9% ao ano e é a mais baixa da instituição, disse Luís André.

Os projetos vão criar 2.970 empregos diretos e indiretos na fase de construção, nos municípios de Igaporã, Guanambi e Caetité, no semiárido baiano. Desde 2005, os financiamentos aprovados pelo BNDES para o setor eólico somam R$ 3,275 bilhões, dos quais R$ 1,750 bilhão já foram liberados.

O estoque de empréstimos do banco representa investimentos da ordem de R$ 5,138 bilhões, o que significa a geração de 1.085 MW. “Parte disso ainda está para ser implantada”, afirmou o gerente.

Ele revelou que atualmente a capacidade instalada de energia eólica no Brasil é de 930 MW, mas o potencial é de crescimento. “Se a gente considerar tudo que está em carteira, desde o que está aprovado, em análise, carta-consulta ou em perspectiva dentro do banco, a gente tem quase 4 mil MW”.

Para serem aprovados pelo BNDES, os projetos devem estar associados à questão social, ressaltou Luís André. “A gente tem uma preocupação grande com a questão social, com o entorno do projeto. É claro que o projeto tem que ser economicamente viável. Mas, no caso da Renova, a gente aprovou R$ 588 milhões e tem R$ 6,4 milhões só para investimentos sociais, fora do escopo da usina, no semiárido, que é uma região de baixo desenvolvimento econômico e social”.

De acordo com a assessoria do BNDES, os projetos contribuirão também para a redução das emissões de gases do efeito estufa, resultando na geração de créditos de carbono. Luís André destacou, ainda, a característica de complementaridade da energia eólica em relação à energia hidráulica.

“Quando você tem menos chuvas no período seco, nos reservatórios, é o período em que você tem sazonalmente maior vento no Brasil. Então, você pode compensar a falta de geração hidráulica com geração eólica. Evita que você despache energia térmica, mais poluidora, a óleo ou a gás, no período em que os reservatórios estão mais baixos”, disse Luíz André.

Abeeólica

O setor de geração de energia eólica tem a expectativa de fazer um leilão este ano para comercializar 2 mil megawatts (MW) médios de energia gerada pelos ventos, disse o diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Pedro Perrelli.

Até agora, o setor eólico totaliza mais de 3.800 MW comercializados em leilões efetuados em 2009 e 2010, cuja energia será entregue até 2013.

Perrelli afirmou que o ano de 2010 marcou o fortalecimento do setor no Brasil. E a tendência é de crescimento. “Porque você tem hoje 50 parques eólicos instalados no Brasil. Desses, 40 são oriundos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e, no total, em operação, hoje, são 930,5 MW”.

Com os novos projetos em curso, a perspectiva é que o número de fazendas eólicas no país aumente para cerca de 200, com geração total em torno de 5.319 MW, revelou o diretor executivo da Abeeólica.