Representantes do setor de transportes defendem incentivo a caminhões menos poluentes

O financiamento pelo Procaminhoneiro foi prorrogado pelo BNDES no início do mês, sem perspectiva de renovação da frota

Investimento para caminhões menos poluentes ainda não está nos planos do BNDES (Foto: Andre Kenki/Flickr)

São Paulo – Na opinião de entidades representantes do setor de transportes de cargas, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deveria também contemplar a renovação da frota de caminhões. A falta de ações para favorecer o uso de combustíveis menos poluentes, como etanol e biodiesel, é criticada. Procurado, o banco informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que até o momento não há previsão de ampliar a medida para caminhões.

Como parte do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES, o Procaminhoneiro foi prorrogado para 2011 com novo orçamento de R$ 75 bilhões. As taxas de financiamento foram alteradas de 4,5% para 7% ao ano. Fora do Procaminhoneiro, o juro para ônibus e caminhões foi para 10%. O único incentivo a tecnologias sustentáveis é a prática de uma taxa menor, de 5% ao ano, para ônibus com tração elétrica e híbrida, que combina eletricidade com combustíveis como biodiesel e etanol.

Para Neuto Gonçalves, diretor-executivo da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), o mesmo incentivo seria necessário também para a frota de caminhões. “Deveriam ser iguais as oportunidades. Se o ônibus polui, o caminhão polui do mesmo jeito. Você vai usar em algum momento um veículo a gás, híbrido, elétrico, e deveria ter algum tipo de incentivo sim”, defende.

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) declarou, em nota, que a iniciativa de incluir somente ônibus híbridos é apenas parte da necessidade defendida pela entidade. “Temos em pauta a renovação de frota, com a retirada de veículos velhos e poluidores substituídos por novos com tecnologia mais adequada à proteção do meio ambiente. Esperamos que a medida seja ampliada, com novas facilidades de financiamento e que contemple caminhões também”, detalha a nota.

Taxas

Apesar do aumento das taxas de juros em relação aos anos anteriores, Neuto Gonçalves é otimista a respeito da procura no mercado. “Os juros estão um pouquinho superiores do que no ano passado, mas 7% dentro do programa ainda é uma taxa muito boa em relação aos 10% das taxas gerais”, calcula.

Ainda sobre as previsões de mercado para 2011, Gonçalves aposta que a venda de caminhões continuará em alta. O principal motivo é a atencipação de compras que aconteceriam no segundo semestre a fim de evitar os reajustes do próximo ano. Isso porque os valores dos veículos devem subir de 10% a 15%, segundo estimativas da entidade.

A CNT, por sua vez, não acredita que as mudanças afetem o mercado nem que ocorra uma “corrida aos financiamentos”. A entidade critica ainda a burocracia para se obter o crédito, o que inviabiliza o acesso ao programa para os autônomos.

Os financiamentos pelo Procaminhoneiro podem ser feitos somente nas instituições financeiras credenciadas. O site do BNDES tem mais informações sobre as taxas de juros aplicadas para diferentes aquisições.