O movimento

Programa do MST planta 2 milhões de árvores em dois anos

Além da recuperação ambiental, plantio de árvores se insere no sistema agroecológico de produção de alimentos saudáveis

Reprodução/Coletivo de Comunicação MST-BA
Reprodução/Coletivo de Comunicação MST-BA
MST pretende plantar 100 milhões de árvores em 10 anos

São Paulo – Em pouco mais de dois anos, um dos muitos programas coordenados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) plantou 2 milhões de árvores em territórios da reforma agrária. As ações são parte do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis. A meta do movimento é plantar 100 milhões de árvores em 10 anos. Nesse sentido, também inauguraram 100 viveiros populares distribuídos por todo o país. Os locais fazem coleta e recuperação de sementes e cultivos de mudas de árvores.

As árvores são plantadas em áreas degradadas, encostas, nascentes de água e beiras desmatadas de rios e córregos, colaborando para a recuperação do meio ambiente. De acordo com o movimento, a manutenção das áreas verdes é fundamental para a produção de alimentos saudáveis e realmente nutritivos.

“Plantar árvores é aumentar a diversidade produtiva nos nossos agroecossistemas”, afirma Bárbara Loureiro, coordenadora do plano em reportagem na página do MST. “Proporcionar essa diversidade de espécies também aumenta a potencialidade de usos que podemos fazer com os frutos, sementes, folhas, cascas e raízes”, acrescentou.

Com o aumento da diversidade, as famílias assentadas adquirem novos hábitos alimentares, destaca ela. Ao mesmo tempo em que ocorre o resgate das culturas locais e regionais, com a valorização dos alimentos desses biomas.

Os plantios vêm sendo realizados em jornadas e ações coletivas promovidas pelo movimento. Também serviram para marcar datas importantes relacionadas ao meio ambiente e à luta por direitos. Além disso, fazem parte do trabalhos de formação envolvendo as famílias dos assentamentos e as populações urbanas do entorno.

Agroecologia

Bárbara explica que o plantio de árvores também se insere nos sistemas produtivos agroecológicos desenvolvidos pelo MST. Dessa forma, servem também para garantir a preservação do solo e das águas. “Na natureza tudo está interligado. Plantamos árvores e produzimos alimentos entendendo a natureza como aliada”, destaca. O desafio agora é combinar essas ações com a geração de renda para as famílias assentadas e acampadas.

Desse modo, durante a pandemia, o MST já doou mais de 6 mil toneladas de alimentos e 1 milhão de marmitas para pessoas e famílias em situação de fome e insegurança alimentar, em todas as regiões do país.

Ao mesmo tempo, o movimento utiliza o plano para denunciar o avanço no uso de agrotóxicos pelo agronegócio. De acordo com o Atlas dos Agrotóxicos 2022, cerca de 11 mil pessoas relacionadas à agricultura de todo o mundo morrem por intoxicação aguda em função do uso dessas substâncias a cada ano. No Brasil, somente em 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a liberação de 550 novos venenos agrícolas.

Para a coordenadora do plano, o plantio de árvores também é instrumento para “ir recriando a relação entre ser humano e natureza, acumular forças e plantando novos caminhos de uma nova sociedade e do nosso projeto socialista”.