Para Dilma, novo Código Florestal não será ‘perfeito’

Repórter Brasil divulga conteúdo de conversa entre Dilma e entidades durante Fórum Social Temático; ela afirmou que as discussões na Rio+20 deverão ser pautadas em paradigmas de 'eficiência'

São Paulo – Em conversa com representantes da sociedade civil durante o Fórum Social Temático, na semana passada, a presidenta Dilma Rousseff relatou alguns pontos principais da sua linha de governo, entre eles, temas polêmicos como a proposta de um novo Código Florestal. A ONG Repórter Brasil teve acesso ao aúdio do encontro e disponibilizou a conversa na íntegra em seu site.

Dilma falou aos presentes que ela terá de resolver as “contradições” do novo projeto, mas que não será um código ambiental “perfeito”. Ela afirmou que não será o sonho da chamada classe ruralista, nem de todos os agricultores, “pois tem agricultor que tem horror ao Código Florestal”, disse.

A proposta de um novo Código Florestal foi aprovada na Câmara dos Deputados, em maio de 2011, com itens polêmicos que foram considerados como medidas ruralistas, por favorecer principalmente a grandes produtores. Em dezembro foi a vez de os senadores votarem o projeto. Para ambientalistas, apesar de mudanças nas partes mais polêmicas, a proposta como um todo ainda representa retrocesso em se tratando de proteção ambiental.

Atualmente, a proposta encontra-se na Câmara para votação em caráter conclusivo. Após isso, o novo Código Florestal fica a cargo de Dilma, que pode vetar total ou parcialmente, ou ainda aprová-lo sem intervenções.

Rio+20

Ainda sobre temas ambientais, a presidenta destacou a realização da Rio+20, a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Desenvolvimento Sustentável. Para ela, a construção de um paradigma anticapitalista não deverá ser discutida dentro do fórum governamental. “Então vocês discutam os novos paradigmas, se vocês quiserem, anticapitalistas. Agora, nenhum país fará isso. (…) Porque não pode fazer isso. Não pode porque nós temos uma coisa terrível: todos os governantes temos o compromisso de entregar a coisa amanhã. Não é daqui a 10 anos (…) Hoje, quando nós conseguimos constituir uma nova classe média,  nós temos obrigação de ser eficientes. E não é tecnocrata, é política”, classificou.

A posição de Dilma ocasionou críticas de movimentos sociais e ONGs, principalmente as participantes da Rio+20. Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA), em conversa com jornalista sobre a conferência, afirmou que o Brasil não pode mostrar que sua forma de desenvolvimento é a correta.

“Sabemos que, com a declaração de Dilma, o governo tem um conceito de desenvolvimento sustentável que contrasta frontalmente com os conceitos constantes dos documentos oficiais da Rio+20”, afirmou Adriana. Para ela, o desafio é não deixar que o Brasil pose de modelo para o resto do mundo.

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