COP-20

Movimentos discutem alternativas a mudanças do clima em Cúpula dos Povos

Pelo menos 8 mil pessoas são esperadas no evento, que ocorre em paralelo à COP 20, no Peru. Na quarta-feira está prevista a Marcha Mundial em Defesa da Mãe Terra

Divulgação

Evento é independente de empresas e governos e procura respostas à crise de um modelo de acumulação que “mercantilizou a vida”

São Paulo – Ambientalistas, estudantes, indígenas, trabalhadores do campo, sindicalistas e representantes de movimento sociais estão reuniões entre hoje (8) e quinta-feira (11) na Cúpula dos Povos Frente à Mudança Climática, em Lima, no Peru. O encontro ocorre em paralelo à 20ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP20), iniciada no último dia 1º, também na capital peruana, como uma alternativa para ampliar os debates sobre mudanças climáticas, para além das instâncias de governo.

Pelo menos 8 mil pessoas e duzentas organizações sociais de diversos países são aguardadas para o evento, que terá como tema central “Mudemos o sistema, não o clima!”. Estão previstas pelo menos duzentas atividades e mesas de discussão, divididas em oito eixos temáticos, que não foram considerados prioritários pela COP20: crise da civilização, mudança social e modelos alternativos de vida social; aquecimento global e mudança climática; soberania e transição energética; agricultura e soberania alimentar; gestão sustentável do território e os ecossistemas; mulheres e sustentabilidade da vida; trabalho digno versus falsas soluções, como “economia verde” e “empregos verdes”.

“A Cúpula convoca e reúne todas as organizações civil e movimento sociais (ambientais, sindicais, grêmios, estudantis, indígenas, agrários, de mulheres, etc.) para fortalecer uma agenda comum e exercer pressão sobre os tomadores de decisão na COP20”, diz o texto oficial de apresentação do evento. “Seu propósito é que os negociadores oficiais considerem o clamor e as vozes dos povos e dos cidadãos do mundo”.

O evento, que é independente e autônomo de empresas e governos, surge como resposta à crise ocasionada por um modelo de acumulação que “mercantilizou a vida humana e a natureza”, de acordo com o texto oficial do evento. “Este modelo industrial dominante prioriza o consumo desmedido, a acumulação lucrativa sem limites, baseada na extração irracional dos bens comuns e das fontes energéticas, sem considerar os limites planetários.”

Na quarta-feira (10), Dia Internacional dos Direitos Humanos, está prevista a Marcha Mundial em Defesa da Mãe Terra, da qual participarão o presidente da Bolívia, Evo Morales, e representantes de movimentos sociais internacionais. Ela ocorrerá concomitantemente em Lima e em outras cidades, para reforçar a diversidade cultural do evento. No último dia, os representantes da Cúpula entregarão um documento com as conclusões do encontro aos representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).

“É uma articulação social, não somos “anticúpula”, somos uma expressão do que está ocorrendo nesse momento no mundo. A mudança climática afetará a população, portanto, todos nós precisamos buscar alternativas para atenuar e nos adaptarmos, e é isto que estaremos fazendo lá”, afirmou o líder da Confederação Nacional Agrária do Peru (CNA) e porta-voz oficial da Cúpula dos Povos, Antolín Huáscar, para o site do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

A Comissão Política organizadora da Cúpula dos Povos, formada por 13 organizações, defende que as mudanças climáticas incidem mais sobre os países menos industrializados, apesar deles contribuírem menos para o problema. As comunidades indígenas, por exemplo, são muito afetadas devido a relação de estreita proximidade com o meio ambiente.

“Cada vez mais os governos aplicam uma economia verde que é uma falácia, que é uma falsa solução para os problemas do mundo, porque propõem as mesmas medidas, propõem os mesmos remédios para todo o que está acontecendo no mundo”, afirma o dirigente da Via Campesina e do MST, Marcelo Durao.

A COP20 que teve início dia 1º de dezembro, segue até dia 11 e prevê a participação de mais de 10 mil pessoas de 195 países. Esta é a última conferência climática para que os países concluam um novo acordo sobre a redução de gases de efeito estufa, que será apresentado no ano que vem na COP21, em Paris, na França, para entrar em vigor em 2020. São discutidos, prioritariamente, a eliminação gradual das taxas de carbono, a utilização de energias renováveis e o apoio financeiro e tecnológico aos países mais vulneráveis.

Com informações do MST.

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