Autoridade nuclear vê Brasil imune a acidente nuclear como o do Japão

Angra 3 está em construção em área próxima à das outras duas usinas em funcionamento (Foto: Divulgação Eletrobras) Brasília – O Brasil não deve enfrentar acidentes nucleares como o ocorrido […]

Angra 3 está em construção em área próxima à das outras duas usinas em funcionamento (Foto: Divulgação Eletrobras)

Brasília – O Brasil não deve enfrentar acidentes nucleares como o ocorrido na Usina de Fukushima, no Japão, segundo o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Gonçalves. “Não pode acontecer nada similar aqui no Brasil. Isso só aconteceu no Japão porque as usinas não estavam preparadas para um acidente daquela magnitude, seja altura da onda ou intensidade do terremoto”, explicou durante audiência pública na Câmara dos Deputados, que debateu a questão nuclear brasileira

Ele afirmou que a estrutura dos prédios das usinas Angra 1 e Angra 2 estão preparadas para resistir a terremotos de até quatro graus na escala Richter e que há diques ao redor do local para enfrentar ondas de até oito metros de altura. “Coisas que jamais vão acontecer no Brasil. É apenas a margem de segurança”, disse.

Mesmo assim, garantiu que “se tudo falhar”, os prédios onde estão os geradores são à prova de inundação. Além disso, há estudos aprofundados sobre o solo na região. “A probabilidade de um evento desse vir a interferir é desprezível, muito baixa”, comentou.

O presidente da Cnen disse ainda que os rumos que o programa nuclear brasileiro irá tomar dependem de decisões do governo. “Neste momento, até onde nós sabemos, não existe razão nenhuma para qualquer mudança no programa nuclear brasileiro”, disse.

Para ele, medidas tomadas por países como a Alemanha, que anunciou o fechamento temporário de sete usinas nucleares, são “precipitadas”.

“Precisamos aguardar para saber o que vai acontecer. Neste momento, tomar atitudes como a que a Alemanha tomou me parece precipitado. É importante que tenha mais dados”, disse lembrando que as informações, por enquanto, são desencontradas e inconsistentes.

O presidente das Indústrias Nucleares Brasileiras, Alfredo Trajan Filho, também garantiu a segurança dos equipamentos e materiais que abastecem Angra 1 e Angra 2. Segundo ele, a última auditoria, feita em março, atesta que as atividades são praticadas de forma eficiente e limpa.

“Cada um dos materiais é testado indefinidamente para que tenha a garantia de que o material usado no combustível resistirá a toda e qualquer condição de operação do reator”, explicou.

Japão

Gonçalves, disse ainda que, apesar da preocupação mundial com o acidente na Usina de Fukushima Daiishi, no Japão, as ações, até o momento, são preventivas e acredita que são baixos os riscos de aumento de casos de doenças como o câncer.

“Provavelmente não vai acontecer nenhuma fatalidade no Japão nem aumento da incidência de câncer. Houve a evacuação do local por uma questão de segurança”, disse. Ele alegou que não houve exposição pessoal superior a 100 milisievert, unidade que mede efeitos biológicos da radiação.

Segundo ele, a faixa em que há risco de contaminação fica entre 50 e 800 milisievert. “Nessa faixa pode vir a ocorrer um câncer, quando a célula não é morta, mas sofre mutação, em geral, em períodos longos, de dez a vinte anos”, disse. E alertou que o risco de morte ocorre quando a faixa de milisievert está em 4,5 mil. “É um efeito clínico imediato. Daí em diante, os efeitos correm em curtíssimo prazo. De horas a semanas”, explicou.

Fonte: Agência Brasil