Apesar de crise econômica, emissão de CO2 sobe 2,6% em 2012, diz estudo

Cingapura – As emissões de dióxido de carbono provenientes da indústria subiram estimados 2,6% em meio à crise econômica global, segundo o Projeto Carbono Global. O aumento foi influenciado pelo crescimento rápido das […]

Cingapura – As emissões de dióxido de carbono provenientes da indústria subiram estimados 2,6% em meio à crise econômica global, segundo o Projeto Carbono Global. O aumento foi influenciado pelo crescimento rápido das emissões na China e na Índia, o que pode intensificar a urgência de um acordo na reunião do clima das Nações Unidas em Doha.

Segundo o estudo, um relatório anual sobre a poluição de CO2 da humanidade, as emissões cresceram 3,1% em 2011, colocando o mundo em um caminho quase certo para mudanças perigosas do clima, como ondas de calor, secas e tempestades.

Cerca de 200 países participam das negociações em Doha, no Catar, até 7 de dezembro, que têm como objetivo estimular a ambição na luta contra as alterações climáticas para limitar o aquecimento a menos de 2 graus Celsius, uma meta que as nações concordaram em 2010. As temperaturas já subiram 0,8 graus Celsius desde a era pré-industrial.

“Eu estou preocupado que os riscos das alterações climáticas perigosas estão muito altos em nossa trajetória de emissões atual. Precisamos de um plano radical”, disse a co-autora do levantamento, Corinne Le Quéré, diretora do Centro Tyndall de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas da Grã-Bretanha e professora da Universidade de East Anglia.

O total de emissões para 2012 é estimado em 35,6 bilhões de toneladas, segundo os pesquisadores no estudo, publicado pela revista Nature Climate Change. O crescimento das emissões atual está colocando o mundo em um caminho para aquecer entre 4 graus e 6 graus Celsius, diz o estudo, com as emissões globais saltando 58 por cento entre 1990 e este ano. O estudo se concentra nas emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis e da produção de cimento.

Alguns países em desenvolvimento estão alimentando o crescimento das emissões, diz o estudo, apesar de a crise econômica global gerar planos de longo prazo de estímulo verde para China, Índia, Estados Unidos e outros países para tentar reduzir a emissão de CO2.

As emissões de carbono da China cresceram 9,9% em 2011, depois de subir 10,4% em 2010 e agora compõem 28% de toda a poluição de CO2 em comparação com 16% dos EUA. As emissões da Índia cresceram 7,5% passado, contra alta de 9,4% em 2010, enquanto as dos EUA e da União Europeia caíram 1,8% e 2,8%, respectivamente, em 2011.

Emissões negativas

O estudo é feito por cientistas e institutos de pesquisa no mundo todo e coordenado pelo Projeto Carbono Global, que faz parte da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth da Austrália, em Canberra. “A menos que grandes e organizados esforços globais de mitigação sejam iniciados em breve, o objetivo de se manter abaixo de 2 graus Celsius (o aumento da temperatura) se tornará inalcançável”, dizem os autores.

Globalmente, a medida de emissões de carbono por unidade do Produto Interno Bruto (PIB) está estabilizada desde 2005, de acordo com o estudo, que analisou dados do governo dos EUA, das Nações Unidas e as estatísticas da petroleira BP. Emissões em 2011 a partir de carvão totalizaram 43%, com 34% a partir do petróleo e o restante corresponde à produção de gás e cimento.

Os autores do estudo afirmam que ainda seria tecnicamente possível limitar o aquecimento a menos de 2 graus Celsius, mas o aumento das emissões teria de ser interrompido imediatamente e depois cair rapidamente.

Cada ano com um crescimento de 3% das emissões tornam a meta de limitação da temperatura menos provável e cada vez mais cara. Seria necessária uma rápida mudança para uma energia mais verde e emissões negativas no futuro, em que mais CO2 seria retirado do ar do que adicionado.