‘Os impactos são incomensuráveis’, diz ambientalista sobre Rodoanel

trecho Norte

Humanoo/CC

Por conta da obra serão desapropriados cerca de 10 milhões de metros quadrados

São Paulo – Em entrevista à Rádio Brasil Atual, o pesquisador e ambientalista Maurício Waldman disse hoje (16) que a construção do trecho norte do Rodoanel Metropolitano de São Paulo não resolverá o problema do trânsito na capital e trará impactos ambientais “incomensuráveis”. Ele afirmou que é preciso substituir “obras faraônicas” por políticas “mais proveitosas”.  “Até hoje, ninguém conseguiu afiançar metodologia que tenha alcance de fazer reparo ambiental. Ninguém até hoje conseguiu estabelecer uma forma, ninguém tem um número. Uma cascata não tem preço. Os impactos são incomensuráveis.”

Para Waldman, o traçado próximo a áreas de vegetação e de mananciais, o desalojamento de famílias e o desmatamento de importantes áreas da Serra da Cantareira, maior floresta urbana do mundo e considerada reserva da Biosfera pela Unesco, estão entre os principais impactos decorrentes das obras do Rodoanel.

Outro problema se refere ao adensamento urbano causado pela rodovia. “Não adianta falar que vai ter política pública para conter adensamento, porque as políticas públicas no Brasil não são viáveis. Vai ter adensamento, isso em uma metrópole que já está transbordando de gente”, disse Waldman.

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Com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2016, o trecho Norte do Rodoanel terá 44 quilômetros de extensão, sete túneis e mais de 20 viadutos. A previsão é de desapropriação de cerca de 10 milhões de metros quadrados, o que acarretará impactos diretos aos municípios de São Paulo, Guarulhos e Arujá.

Para o ambientalista, é “ingenuidade” pensar que o Rodoanel resolverá os problemas de trânsito de São Paulo e diz que políticas de indenização aos municípios diretamente afetados não mensuram os impactos ambientais e sociais causados pelas obras. “Ninguém aguenta mais a falta de mobilidade. O essencial, mais do que a via, é a política de gestão de mobilidade, que não existe. A questão é que a prioridade das políticas de transporte é equivocada. Enquanto não resolver isso, não adianta falar de política de indenização.”

Ouça a reportagem completa na Rádio Brasil Atual.