eleições 2018

Profissionais de marketing repudiam Bolsonaro por associá-los a prática ilegal

Campanha do candidato convoca 'Marketeiros do Jair' para desdenhar a denúncia de caixa 2 e de recebimento criminoso de dinheiro de empresários

Nelson Antoine/Folhapress

Em manifestação de apoio a Bolsonaro, ontem (21), eleitores dele usaram faixas com a campanha para desmerecer denúncias

São Paulo – O Sindicato dos Trabalhadores Profissionais de Marketing de São Paulo repudiou hoje (22) uma ação da candidatura à Presidência da República de Jair Bolsonaro (PSL) que tentou minimizar as denúncias de caixa 2 e de crime eleitoral na campanha de difamação financiada por empresários no aplicativo WhatsApp, contra o candidato Fernando Haddad (PT).

A campanha passou a publicar fotos de apoiadores dentro de caixas chamando-os de “Marketeiros do Jair”. Para a entidade, a campanha “é ofensiva à dignidade da categoria dos profissionais de marketing”.

“É absolutamente inadmissível que o termo marqueteiro seja utilizado de maneira tão chula e desrespeitosa, para encobrir da população o possível cometimento de crime eleitoral e induzir esta mesma população a endossar uma candidatura que prega o ódio, a violência, o fim dos direitos trabalhistas e a vilipendiação dos valores democráticos”, defende o sindicato, em nota assinada pelo presidente da entidade, Pedro Henrique Barnabé.  

Para a entidade, a campanha de Bolsonaro busca apenas “cooptar a militância política em seu favor e para desdenhar das graves acusações de Caixa 2 publicadas no jornal Folha de São Paulo”. “Pesam sérias e fundadas acusações de Caixa 2 contra a candidatura do PSL, ato este considerado crime eleitoral  e que acarreta, indubitavelmente, na cassação da chapa ilegalmente beneficiada com recursos não declarados”, diz o documento.

Segundo a reportagem, empresários apoiadores de Bolsonaro pagaram até R$ 12 milhões para que as empresas enviassem mensagens em massa no WhatsApp para difamar o PT e seu candidato, Fernando Haddad. A prática é ilegal. Se comprovada, configura ao menos duas irregularidades: doação de campanha por empresas, que é proibida pela legislação eleitoral, e caixa dois, já que os valores não foram declarados. A campanha do PSL diz ter gasto apenas R$ 1,7 milhão até agora.

Na sexta-feira (19), o WhatsApp anunciou que baniu as contas associadas às empresas que faziam parte do esquema de disparo de mensagens em massa. “Estamos tomando medidas legais para impedir que empresas façam envio maciço de mensagens no WhatsApp e já banimos as contas associadas a estas empresas”, informou a empresa. O senador eleito Flávio Bolsonaro, filho do candidato a presidente pelo PSL, anunciou em suas redes sociais que também teve sua conta banida.

O WhatsApp também notificou as agências Quickmobile, Yacows, Croc services e SMS Market para que não realizem mais envios de mensagens em massa e que parem de utilizar números de celulares forjados, obtidos pela internet. A prática permitia burlar regras da plataforma e aumentar o alcance dos grupos na rede social. A medida tomada pelo WhatsApp confirma a denúncia feita pelo jornal.

No mesmo dia, a campanha de Haddad e o PDT, partido de Ciro Gomes, apresentaram denúncias na Justiça Eleitoral contra a campanha de Bolsonaro. A ação do PT tem como relator o ministro Jorge Mussi, corregedor-geral eleitoral. No dia da denúncia do jornal, o candidato do PSL admitiu que recebia apoio de empresários, mas que não tinha como controlar o que estava sendo feito.