O que eles disseram sobre o PAC
O Plano de Aceleração do Crescimento anunciado pelo governo no dia 22 de janeiro parece ter os juros como maior adversário
Publicado 04/04/2013 - 12h39
Apostei com o Paulo Francini que eles (o Copom) iriam baixar 0,25. Ele dizia: “Não, eles vão ser mais tolerantes, mais cooperativos”. Eu disse: “Não, olha, tem uma questão aí que é de reafirmação da independência do Banco Central”. É questão ideológica… A discussão reflete um pouco a correlação de forças daquilo que as pessoas costumam chamar de sociedade brasileira.
Luiz Gonzaga Belluzo, a Paulo Henrique Amorim, no IG
O que o PAC propõe é menos ambicioso do que sugerem os “cientistas” (medidas imediatas de regulação, reforma tributária, previdenciária etc.), mas não menos importante. É a aposta na criação de um “estado de espírito” favorável a uma aceleração do crescimento. Temos de ver o PAC não como um conjunto de medidas, mas como um foco de novas atitudes.
Delfim Netto, na Folha de S.Paulo
O recuo da taxa básica de juros de 13,25% para 13% ao ano é insuficiente para referendar a confiança dos setores produtivos no PAC e no discurso de crescimento pronunciado pelo presidente Lula. Nem parece que o Copom integra o mesmo governo que, há apenas dois dias, anunciou um grande e abrangente programa voltado à expansão do PIB. É paradoxal.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp, no site da entidade
O PAC terá maiores chances de sucesso se aprofundar a presença dos trabalhadores nas decisões de Estado, como os conselhos das estatais, fundos de investimento e o impenetrável Conselho Monetário Nacional, protagonista do notório descompasso entre os objetivos do PAC e as ações do governo, que vem a ser a ridícula redução de 0,25 na taxa básica de juros.
Artur Henrique, presidente da CUT, no site da Central
A parte de saneamento básico do PAC tem repercussão positiva para o setor ambiental. As obras do metrô também, na medida em que você tem redução de emissões. Os outros projetos terão de ser analisados caso a caso para o licenciamento ambiental. O importante é essa visão que se vem construindo de que a variável ambiental deve permear os projetos.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, na Carta Maior
O objetivo real é abrir mais espaço para o capital privado. E para dourar a pílula coloca investimentos que ninguém pode contestar. Quem vai ser contra a construção de estradas? O salário mínimo não vai chegar ao nível que o Dieese considera o mínimo para o brasileiro sobreviver. A única coisa positiva são as obras; precisa saber se vão ser feitas mesmo.
Plínio de Arruda Sampaio, por e-mail à Revista do Brasil
A febre tem remédio
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) botou o mundo político e econômico em polvorosa ao anunciar, no início de fevereiro, as previsões catastróficas sobre os efeitos do aquecimento global neste século. É grave? É. O estudo deve soar como uma sirene, alerta o Greenpeace. Mas, entre as adversidades previstas, vale assinalar um aspecto do estudo: 90% dos cientistas atribuem o estado febril do planeta a ações do homem, e não a fenômenos naturais. Ou seja: as doenças da Terra ainda têm remédio e é possível retardar – com ações do homem – o que muitos veículos alardearam como “o fim do mundo”.
À espera de abril
Novo relatório do IPCC sobre o clima deve ser anunciado em abril, apontando atitudes que podem ser tomadas para reduzir o impacto da ação humana no clima do planeta. O estudo deve aumentar a pressão sobre países como Estados Unidos, Rússia e Austrália, grandes que não assinaram o Protocolo de Kyoto, que estipula redução nas taxas de emissão de gases que agravam o efeito estufa. O avanço das queimadas e da soja sobre a Amazônia brasileira também entrará na berlinda e, possivelmente, crescerão as advertências para que o plano do governo acelere o crescimento sem acelerar o aquecimento.
Emprego: falta acelerar
Período | Saldo de empregos |
Collor/Itamar (1992-1994) | 326.545 |
FHC I (1995-1998) | -1.018.191 |
FHC II (1999-2002) | 1.815.088 |
FHC I+II (1995-2002) | 796.967 |
Lula I (2003-2006) | 4.651.376 |
Fonte: Caged/MTE |
Espeto de pau
Para quem deu notas de desconfiança às doações financeiras recebidas por candidatos depois do resultado das eleições – embora a lei permita doações até um mês depois do pleito, não seria ético, observou um colunista de jornalão –, resta uma explicação. A empresa que edita a Folha de S.Paulo doou 42 mil reais à campanha do ex-ministro de FHC e deputado federal eleito Paulo Renato (PSDB-SP) – em 27 de outubro, bem depois da eleição do tucano: aí pode?
O ingrato e o vagabundo
Entrou para a história das descomposturas políticas o gesto do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que, ao chegar para a inauguração de uma unidade da Assistência Médica e Ambulatorial no bairro de Pirituba, na capital paulista, resolveu tomar satisfação com um Kaiser antes. O microempresário Kaiser Paiva Celestino da Silva, de 49 anos, pode não ter sido educado ao aproveitar a presença do político para chiar contra uma lei que proíbe publicidade externa na cidade. Mas a forma grosseira, agressiva e covarde com que Kassab botou o cidadão, seu eleitor, para correr – “Sai daqui, vagabundo!” – não se justifica. Agora, cada vez que uma emissora de TV for cobrir uma inauguração com o prefeito, será melhor mandar tirar as crianças da sala.
Cuca no lugar
A sede da União Nacional dos Estudantes vai mudar da Vila Mariana, em São Paulo, para um imóvel no Flamengo, no Rio. Ali foi reduto dos estudantes de 1942 até o golpe de 1964. A retomada simbólica do local aconteceu às 17h30 de 1º de fevereiro, mesma hora em que, em 31 de março de 1964, grupos incendiavam o prédio clássico. O projeto da nova construção é de Niemeyer. Na UNE surgiram os Centros Populares de Cultura (CPC). Agora é a vez dos Circuitos Universitários de Arte e Cultura (Cuca). “Com o mesmo espírito de unificar estudantes, artistas, militantes e estimular a produção cultural”, diz seu presidente, Gustavo Petta.