crise hídrica em sp

Alckmin ordena retirar mais água do Sistema Rio Grande

Reservatório da Billings, o menor da Grande São Paulo, caminha para a mesma seca que matou o Cantareira

rodrigo pinto

Sistema Rio Grande, na Billings, tem capacidade pequena e ainda assim está sendo usado como alternativa ao Cantareira

São Bernardo do Campo – Nesta quinta-feira (2), o Sistema Rio Grande, da represa Billings, passa por mais uma técnica de secamento ordenada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). De acordo com a Sabesp, 0,5 metro cúbico de água por segundo será retirado a mais do Rio Grande para abastecer cidades mais afetadas pela morte do Sistema Cantareira. A medida foi prometida por Alckmin para ocorrer em setembro, porém, atrasos na adaptação do equipamento coletor empurraram a retirada da água para este mês.

Entre junho e julho, Alckmin ordenou que mais de 150 mil residências de Santo André, antes atendidas pelo Sistema Rio Claro, passassem a receber água do Rio Grande, sem, contanto, aumentar a produção de água potável. Com isso, a represa registrou a maior queda de volume nos últimos cinco anos. Ontem, o Rio Grande operou com 76% da capacidade. A estratégia de Alckmin é fazer que o menor reservatório da Grande São Paulo siga a linha histórica do Cantareira (com  6,6% do volume total nesta quarta) e Alto Tietê (com 12%).

Apesar de ter permitido a morte do Cantareira, Alckmin fez do volume morto (lâmina d’água captada no fundo das represas) uma bandeira da campanha para reeleição. A primeira parte do resto de água não durou cinco meses. A segunda parte, nas palavras do governador, poderia evitar de uma vez por todas o racionamento na região metropolitana – o que já ocorre de forma velada em Mauá e em Guarulhos. Porém, a Sabesp deveria apresentar um plano de operação para a Agência Nacional de Águas (ANA).

O prazo final foi sábado, dia 27. O documento foi entregue faltando informações e os técnicos da companhia estadual pediram mais tempo para elaborar o plano, o que só ocorrerá depois das eleições deste domingo (5).

“O plano de operação dos reservatórios do Sistema Cantareira, incluindo regras de funcionamento das estruturas de bombeamento instaladas e a construir, é imprescindível para que os órgãos reguladores, ANA e DAEE, possam analisar e autorizar, se for o caso, a utilização de volumes adicionais da Reserva Técnica II do Sistema”, informou a ANA.

Racionamento

Mauá foi a primeira cidade do ABC paulista forçada a adotar o racionamento. Na semana passada, a administração anunciou que fará o rodízio de abastecimento já em outubro. O motivo não poderia ser outro: a má gestão das águas paulistas. Em maio, Alckmin fez com que a Sabesp reduzisse o volume mandado para Mauá para atender cidades da Grande São Paulo antes abastecidas pelo falido Cantareira. O Alto Tietê mandava 800 metros cúbicos por segundo e agora fornece 620. O Rio Claro reduziu o fornecimento de 600 para 450 metros cúbicos por segundo. Nos bairros mais elevados de Mauá, a falta de água já é comum semanalmente.

Na capital, o prefeito Fernando Haddad (PT) foi obrigado a executar ações que caberiam à administração de Alckmin. Para evitar que as 32 subprefeituras fiquem sem água na atual crise, serão perfurados poços artesianos. Uma empresa será contratada para executar as construções.

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