Congresso acelera votações após manifestações populares
Deputados e senadores impõem novo ritmo de trabalho às sessões para responder às ruas com ‘agenda positiva’
Publicado 28/06/2013 - 09h32
Sessão plenária da Câmara dos Deputados que aprovou destinação de royalties do petróleo. Votações aceleradas no Congresso
São Paulo – Os intensos protestos que agitaram o país nas duas últimas semanas alteraram bastante o cotidiano do Congresso. Pressionados pelas ruas, os presidentes da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), implementaram uma agenda de votações a toque de caixa para passar uma mensagem positiva à população.
Os projetos apreciados (leia tabela abaixo) visaram principalmente a oferecer respostas às principais demandas vocalizadas pelas manifestações, a começar pela rejeição da polêmica Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que acabava com o poder de investigação do Ministério Público.
Demanda inicial do Movimento Passe Livre (MPL), que desencadeou as primeiras passeatas, a mobilidade urbana foi contemplada com três projetos. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou em primeira votação o Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros (Reitup), demanda dos prefeitos.
Os deputados aprovaram projeto que reduz as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins sobre os serviços de transporte público, que vai para o Senado. Também na Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) decidiu pela admissibilidade da PEC 90, da deputada Luíza Erundina (PSB-SP), que inclui o transporte no rol de direitos sociais garantidos pela Constituição.
Para a educação, foi aprovado na Câmara o PL que destina à área 75% dos royalties do petróleo e 50% do fundo do pré-sal – a saúde recebe reforço de 25% dos royalties. O projeto segue agora para o Senado, que deve votá-lo na semana que vem. Além disso, Calheiros promete colocar em votação o Plano Nacional de Educação (PNE).
O combate à corrupção, demanda das manifestações bastante amplificada pelos meios de comunicação, foi contemplado com a classificação do crime de corrupção como hediondo, aprovada no Senado e encaminhada para a Câmara, e a instituição do voto aberto para processos de cassação de mandato parlamentar, aprovada na CCJ da Câmara.
Outras medidas cuja tramitação estava parada a tempos avançaram, como a PEC do Trabalho Escravo, aprovada na CCJ do Senado, mas com um acordo perigoso que prevê rediscutir a definição de trabalho escravo.
A votação da pauta positiva vai continuar nas próximas sessões do Congresso. Ontem (27), a Senado aprovou regime de urgência para mais duas medidas incluídas na pauta positiva. A primeira é PLS 248/2013, de autoria do presidente da casa, Renan Calheiros, que institui o passe livre estudantil em todo o país, assegurando gratuidade no sistema de transporte público coletivo local a estudantes do ensino fundamental, médio ou superior regularmente matriculados e com frequência comprovada em instituição pública ou privada. Além dela, será apreciada também a PEC 6/2012, do senador Pedro Taques, que exige “ficha limpa” para preenchimento de cargos e funções comissionadas no serviço público.