BC adota medida para combater especulação com o câmbio

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes (Foto: Elza Fiúza/Abr) Brasília – As instituições financeiras terão que recolher ao Banco Central (BC) 60% sobre o valor da posição […]

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes (Foto: Elza Fiúza/Abr)

Brasília – As instituições financeiras terão que recolher ao Banco Central (BC) 60% sobre o valor da posição de câmbio vendida que exceder US$ 3 bilhões ou o montante equivalente ao patrimônio de referência do banco. A medida, que começa a ser aplicada em 4 de abril, tem o objetivo de ajudar a conter a queda do dólar.

Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, com a mudança, a tendência é que a cotação do dólar aumente. “ A princípio [a medida] vai gerar alguma demanda por dólar, o que tende a fazer com que a cotação suba”, disse na manhã desta quinta-feira (6) em entrevista coletiva.

Esse depósito compulsório, recursos que os bancos são obrigados a depositar no BC, será recolhido em espécie e não será remunerado. “Com a medida, o Banco Central visa a melhorar o funcionamento do mercado de câmbio à vista e reduzir as posições vendidas do sistema que em dezembro de 2010 alcançaram o valor de US$ 16,8 bilhões”, diz nota divulgada pelo BC.

O novo presidente do BC, Alexandre Tombini, dá entrevista coletiva na tarde desta quinta na sede da instituição, em Brasília, quando vai detalhar esta e outras medidas para conter o risco de crise de cambial no país.

Investimentos

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, prevê que a decisão do Banco Central de onerar a entrada de recursos estrangeiros no país para conter a queda do dólar não deverá afetar os investimentos. O reflexo que, segundo ele, começará a ser sentido no mercado no mês de abril, vai ter efeito “imediato sobre o planejamento dos bancos, principalmente sobre operações de intermediação dos empréstimos tomados no exterior”.

Ele lembrou que há cerca de dez anos o BC adotou tática semelhante, ao limitar a entrada de recursos externos em US$ 500 milhões, quando Armínio Fraga era presidente da instituição. A medida tomada agora pelo banco, diz Barbosa, não impede a entrada de recursos, apenas aumenta o custo da operação de colocação de dólares no mercado. “Nada está proibido, mas reflete neste momento tomada de posição do governo contra eventual volatilidade no futuro”, disse.