Vice de Mubarak diz que governo do Egito tem plano de transição
Suleiman conduz negociações com a oposição em mesa posicionada diante de uma enorme foto de Mubarak (Foto: Asmaa Waguih/Reuters) São Paulo – O governo do Egito tem um plano e […]
Publicado 08/02/2011 - 11h50
Suleiman conduz negociações com a oposição em mesa posicionada diante de uma enorme foto de Mubarak (Foto: Asmaa Waguih/Reuters)
São Paulo – O governo do Egito tem um plano e um cronograma para a saíde do presidente Hosni Mubarak do poder. A declaração foi do vice, Omar Suleiman, nesta terça-feira (8), que não forneceu informações sobre datas nem a respeito do formato do plano.
“Um mapa claro foi adotado com um cronograma para realizar a transferência de poder pacífica e organizada”, disse Suleiman. “O presidente saudou o consenso nacional, confirmando que estamos com os pés no caminho certo para sair da atual crise”, disse Suleiman em declarações transmitidas pela TV estatal.
O atual vice fez carreira como chefe dos serviços de inteligência e tem comandado o atual diálogo com grupos de oposição como a Irmandade Muçulmana – inimiga de Mubarak. As negociações, aliás, iniciadas no fim de semana, ocorrem sob um gigantesco retrato de Mubarak. Suleiman é o nome preferido do governo israelense, segundo documentos revelados pelo Wikileaks nesta terça-feira.
Mubarak está no poder há 30 anos, com o apoio de potências Ocidentais, especialmente os Estados Unidos. Há 15 dias, seu governo enfrenta protestos diários no centro do Cairo, a maior e mais forte ação popular contra a ditadura do país. A oposição planeja novas manifestações.
Preferido
Segundo documentos divulgados nesta terça-feira pelo Wikileaks, Suleiman é o nome preferido pelo governo israelense para a sucessão de Mubarak. A mensagem diplomática, datada de 29 de agosto de 2008, resume conversas que o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, manteve com líderes egípcios na cidade portuária de Alexandria.
“Deferimos para a Embaixada no Cairo para análise dos cenários da sucessão no Egito, mas não há questão de que Israel está mais confortável com a perspectiva de Soliman”, afirma a mensagem escrita pela embaixada dos EUA em Tel Aviv em 2008, usando uma grafia própria do nome do vice-presidente egípcio.
Suleiman prometeu ainda que não haverá represálias contra os manifestantes que há duas semanas pressionam pela renúncia de Mubarak.
Até agora o governo fez poucas concessões, e ao menos por enquanto Mubarak, de 82 anos, parece estar resistindo à pressão por sua renúncia imediata. Depois do início da crise, ele anunciou que pretende deixar o cargo após a eleição de setembro, e que não indicará seu filho Gamal para sucedê-lo.
Praça Tahir ocupada
Milhares de egípcios têm participado das manifestações. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 300 pessoas já morreram, vítimas da repressão. Aos poucos, mesmo opositores do regime mostram disposição de buscar a volta à normalidade, especialmente por causa dos impactos econômicos da crise política.
Parte do comércio voltou a abrir na segunda-feira (7) na capital do país, mas o tráfego de veículos é complicado no centro e há longas filas nos bancos, que operam em horários restritos. Muitos manifestantes continuam acampados na praça Tahrir (Libertação), epicentro da revolta, e dizem que permanecerão ali até que Mubarak renuncie.
Nos últimos dias, o Exército tentou reduzir a área ocupada na praça, mas Suleiman prometeu que não haverá mais repressão. “O presidente enfatizou que a juventude do Egito merece o apreço da nação e deu ordens para evitar que eles sejam perseguidos, intimidados ou que tenham seu direito à liberdade de expressão tolhido.”
A manifestação convocada para esta terça-feira será um teste para a capacidade da oposição de manter a pressão sobre o governo. Uma outra grande passeata está programada para sexta-feira.
Um fato que pode estimular os manifestantes é a libertação de Wael Ghonim, executivo do Google que diz ter passado duas semanas preso e vendado pelas autoridades. Ghonim é apontado como responsável pela organização dos primeiros protestos pelo Facebook.
“Não sou símbolo nem herói nem nada disso, mas o que aconteceu comigo é um crime”, disse Ghonim à emissora local Dream TV na segunda-feira. “Temos de derrubar esse sistema baseado em não permitir que se fale nada.”
Com informações da Reuters
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