Rio+20: “retração forte” dos países ricos coloca em risco documento final

O Rainbow Warrior, navio do Greenpeace, chegou ao Rio. Em campanha eleitoral nos EUA, Obama não vem (©Daniel Marenco/Folhapress) São Paulo – Metas comuns, transferência de tecnologias, financiamentos, capacitação de […]

O Rainbow Warrior, navio do Greenpeace, chegou ao Rio. Em campanha eleitoral nos EUA, Obama não vem (©Daniel Marenco/Folhapress)

São Paulo – Metas comuns, transferência de tecnologias, financiamentos, capacitação de pessoas para a execução de programas relacionados ao desenvolvimento sustentável, compreensão sobre o significado de economia verde e criação de novas instituições: falta consenso sobre um punhado de assuntos, alguns dos mais relevantes, no documento final da Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

A dificuldade em avançar na quarta e última rodada de negociações antes da apresentação do texto final, no próximo dia 22, pode levar o Brasil a exercer sua condições de presidente do encontro para tentar avançar ao menos sobre questões mais simples, o que, ainda assim, significaria uma versão frágil e aquém da expectativa nutrida por especialistas e pela sociedade civil. 

Após três rodadas de conversas em Nova York, uma delas extraordinária, as negociações no Rio de Janeiro continuam a esbarrar nos interesses nacionais, sempre mais imediatistas que a necessidade global de encontrar um modelo de desenvolvimento que contemple o respeito ao ambiente e às boas práticas sociais. 

O secretário executivo da delegação brasileira na Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, reconheceu hoje (14) que os países ricos adotaram um movimento de “retração forte” devido às questões internas que vivem. “Mas tudo isso faz parte da negociação”, afirmou. O embaixador, no entanto, não acredita que seja definitiva a questão. “Não há rechaço de uma ou de outra. Vamos buscar a melhor condição possível. É fundamental que cada ação corresponda a meios de financiamento ou indicações para que isso seja possível”.

A seis dias do encontro dos 115 chefes de Estado e de Governo, apenas um quarto do documento está fechado. Com tantos problemas, é possível que a proposta de criar um fundo de incentivo ao desenvolvimento sustentável, que conta com o apoio do Brasil, seja retirada do texto final. Pela proposta, o fundo começa com US$ 30 bilhões a partir de 2013, mas pode chegar a US$ 100 bilhões até 2018. Sem comentar as divergências, Figueiredo Machado disse que prefere mencionar os avanços e buscar um acordo global. “Vamos fazer tudo o que for necessário para ajudar essa negociação e levá-la a cabo (…) Estamos aqui para pensar [alternativas] a longo prazo.”

Há divergências também em torno do significado de “economia verde”, o que tomou boa parte do debate hoje. O diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável, Assuntos Econômicos e Sociais da Rio+20, Nikhil Seth, evitou antecipar hoje o que pode ocorrer se os negociadores não fecharem um acordo sobre os principais temas. Ele admitiu, porém, que a possibilidade de não se chegar a um acordo existe. As dificuldades envolvem desde o sentido distinto das expressões em cada idioma até percepções ideológicas e impactos políticos e econômicos. 

Com informações da Agência Brasil.